Os dois países inimigos travaram nas últimas décadas uma guerra por procuração em diversos países do Médio Oriente e algumas operações pontuais, mas, na última sexta-feira, Israel iniciou uma ofensiva aérea de larga escala contra o Irão.

Trump reuniu hoje, durante mais de uma hora, o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca para discutir a guerra, afirmou um funcionário que pediu anonimato.

Antes, o presidente americano reivindicou a "RENDIÇÃO INCONDICIONAL" do Irão numa mensagem em letras maiúsculas publicada na sua plataforma Truth Social.

"Sabemos exatamente onde se esconde o chamado 'Líder Supremo'. É um alvo fácil, mas está seguro lá. Não vamos tirá-lo (matá-lo!), pelo menos por enquanto", escreveu.

"Agora controlamos completamente e totalmente o espaço aéreo iraniano", advertiu Trump. O seu vice-presidente, JD Vance, também avisou que Washington poderia tomar "medidas adicionais" contra o programa nuclear iraniano.

Israel, potência nuclear não oficial, afirma que atacou o Irão para impedir que Teerão desenvolva armas atómicas num curto prazo, um objetivo que a República Islâmica nega perseguir.

Na cimeira do G7 no Canadá, após  Donald Trump afirmar que os Estados Unidos não matarão o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, "pelo menos por enquanto", Macron advertiu que qualquer tentativa de mudar o regime no Irão resultará em "caos"

O presidente francês também afirmou que Trump tem um papel fundamental para retomar os canais diplomáticos com Teerão e considerou que o seu contraparte americano apoia um cessar-fogo entre Irão e Israel.

"Acredito que precisamos que os Estados Unidos tragam todos de volta à mesa" de negociações, expressou.

Macron também anunciou um conselho de segurança e defesa na quarta-feira, no Palácio do Eliseu.

"Ataques em larga escala"

A campanha deixou pelo menos 224 mortos no Irão, segundo as autoridades, incluindo os comandantes da Guarda Revolucionária, do Estado-Maior do Exército, nove cientistas do programa nuclear e civis. Em Israel, 24 pessoas morreram, segundo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O Exército israelita anunciou esta terça-feira que matou Ali Shadmani num bombardeamento noturno. O militar foi apresentado como o chefe do Estado-Maior em tempos de guerra e comandante militar de alto escalão, próximo do líder supremo iraniano no poder desde 1989.

Shadmani morreu quatro dias após assumir o lugar de Gholam Ali Rashid, que morreu num bombardeamento israelita. O Exército citou ainda "vários ataques em larga escala" contra alvos militares no oeste do Irão, incluindo "dezenas" de lança-mísseis.

Um ataque cibernético paralisou esta terça-feira o banco Sepah, uma das principais entidades estatais do Irão, informou a agência de notícias Fars.

Vários meios de comunicação relataram um corte generalizado de internet em todo o país. Teerã restringe o acesso à internet desde o início da campanha militar israelense.

A TV estatal do Irão informou, por sua vez, uma nova onda de ataques contra Israel. A Guarda Revolucionária anunciou que atacou um centro do serviço de inteligência externa de Israel, o Mossad, em Tel Aviv.

O Exército israelita garantiu num comunicado que interceptou a maioria dos mísseis lançados pelo Irão e que ativou um alerta vermelho na zona de Dimona, onde está localizada uma usina nuclear no sul de Israel.

A ofensiva israelita de 13 de junho ocorreu dois dias antes de uma nova rodada de negociações entre o Irão e Estados Unidos sobre o programa nuclear iraniano, que deveria ter acontecido no domingo.

Teerão acusou Israel de sabotar os diálogos.

"Trabalho sujo"

Perante o cenário complexo, Trump declarou esta terça-feira que está interessado em procurar um "fim real, não um cessar-fogo".

Os líderes do G7 reunidos num encontro da cimeira no Canadá pediram na segunda-feira uma "resolução da crise iraniana" que leve "a uma desescalada mais ampla das hostilidades no Médio Oriente", numa declaração na qual afirmaram que Israel "tem o direito de se defender".

Por sua vez, o chefe de governo alemão, Friedrich Merz, expressou esta terça um forte apoio a Israel, à margem do G7.

"Este é o trabalho sujo que Israel está a fazer por todos nós. Também somos vítimas deste regime. Este regime clerical trouxe morte e destruição ao mundo", disse Merz em entrevista à emissora ZDF.

O Irão acusou o grupo das principais economias do Ocidente de ter uma visão tendenciosa.

No meio da crise, Trump retirou-se um dia antes da conclusão da cúpula do G7. Na segunda-feira, advertiu que "todos deveriam deixar Teerão imediatamente".

A China acusou Trump de atiçar o conflito. "Atirar lenha para a fogueira, proferir ameaças e aumentar a pressão não contribuirá para reduzir a tensão", declarou Guo Jiakun, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou esta terça no G7 que qualquer tentativa de mudar o regime no Irão provocará "caos".

Filas, algumas de vários quilómetros, podem ser observadas esta terça-feira em postos de gasolina e padarias de Teerão: os moradores tentam desesperadamente comprar combustível e alimentos nos poucos estabelecimentos que permanecem abertos.

Israel atacou na segunda-feira a central de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do país, e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) assinalou nesta terça que novos elementos indicavam que houve "impactos diretos em salas subterrâneas".

*Com AFP