Acompanhe toda a atualidade informativa em 24noticias.sapo.pt

Segundo o despacho do juiz Santiago Pedraz, da Audiência Nacional – instância que trata dos crimes mais graves em Espanha – o atentado foi encomendado pelo regime iraniano como retaliação pela atividade política de Vidal-Quadras em apoio à resistência iraniana, e como aviso ao Governo espanhol e à União Europeia para não acolherem nem apoiarem grupos que o Irão considera terroristas, conta o Expresso

O juiz acusou formalmente oito pessoas, de diferentes nacionalidades, dos crimes de pertença a organização criminosa e tentativa de homicídio terrorista. Entre os acusados, um homem identificado como Sami Bekal Bounouare, apontado como o organizador do atentado, está em paradeiro desconhecido, havendo suspeitas de que possa estar no Irão. Este indivíduo, nascido em Espanha há 27 anos, já esteve preso em Itália por tráfico de droga e é suspeito de envolvimento noutros ataques contra ativistas iranianos e iraquianos na Europa.

A sua newsletter de sempre, agora ainda mais útil

Com o lançamento da nova marca de informação 24notícias, estamos a mudar a plataforma de newsletters, aproveitando para reforçar a informação que os leitores mais valorizam: a que lhes é útil, ajuda a tomar decisões e a entender o mundo.

Assine a nova newsletter do 24notícias aqui

A investigação revelou que o atirador fugiu inicialmente para Portugal e foi mais tarde detido nos Países Baixos. Alguns dos outros acusados têm antecedentes criminais ou estão sob investigação noutros países.

O juiz Pedraz destaca que o atentado não foi um ato isolado, mas parte de uma campanha mais ampla de operações encobertas do regime iraniano, destinadas a perseguir, intimidar ou até assassinar opositores no estrangeiro. Há investigações semelhantes em curso na Dinamarca, nos Países Baixos e no Reino Unido.

O despacho judicial sublinha ainda que dias após o atentado, a agência noticiosa semioficial iraniana Fars emitiu um aviso com “consequências graves” para Espanha, devido ao seu apoio à oposição iraniana.

Alejo Vidal-Quadras tem sido, ao longo das últimas décadas, uma figura de destaque no apoio à resistência iraniana, especialmente ao grupo Mujahidines do Povo (MEK). Durante o seu tempo como eurodeputado e vice-presidente do Parlamento Europeu (1999-2014), ficou conhecido como “o homem do MEK em Bruxelas”. Após fundar o Vox, o partido admitiu ter financiado 80% da sua campanha às eleições europeias de 2014 com apoio do Conselho Nacional da Resistência do Irão (CNRI).

Depois do atentado, o CNRI emitiu um comunicado destacando os 25 anos de ligação com Vidal-Quadras e o seu papel crucial na remoção do MEK da lista de organizações terroristas da UE. Essa ação permitiu, entre outras coisas, a evacuação e proteção de milhares de membros do MEK que se encontravam no campo de refugiados de Ashraf, no Iraque.

O julgamento dos oito arguidos ainda não tem data marcada e depende de vários procedimentos judiciais em curso. Vidal-Quadras sobreviveu ao ataque, mas ficou com sequelas físicas, tendo desde o início responsabilizado diretamente o regime iraniano.