Acompanhe toda a atualidade informativa em 24noticias.sapo.pt

"Os americanos têm que receber uma resposta à agressão", disse o presidente iraniano, segundo a agência de notícias Irna.

França, Alemanha e Reino Unido pediram ao Irão para "não empreender outras ações que possam desestabilizar a região" em resposta aos bombardeamentos americanos contra instalações nucleares iranianas.

"Pedimos ao Irão que inicie negociações que levem a um acordo que responda a todas as preocupações relacionadas com o seu programa nuclear. Estamos dispostos a contribuir para esse objetivo, em coordenação com todas as partes", acrescentaram os três dirigentes numa declaração conjunta.

A sua newsletter de sempre, agora ainda mais útil

Com o lançamento da nova marca de informação 24notícias, estamos a mudar a plataforma de newsletters, aproveitando para reforçar a informação que os leitores mais valorizam: a que lhes é útil, ajuda a tomar decisões e a entender o mundo.

Assine a nova newsletter do 24notícias aqui

Os Estados Unidos "devastaram o programa nuclear iraniano", mas não procuram uma mudança de regime, afirmou o Pentágono, este domingo, no décimo dia da guerra entre Irão e Israel.

Depois de dias de suspense, o presidente americano, Donald Trump, anunciou, no sábado, que "as instalações-chave de enriquecimento nuclear do Irão foram completamente e totalmente destruídas" em ataques do exército americano contra três plantas: Fordow, escondida sob uma montanha, Natanz e Isfahan.

Em Teerão, jornalistas da AFP ouviram em toda a cidade o rugido dos aviões sobrevoando a capital.

Horas depois, veículos de comunicação israelitas reportaram "uma forte explosão" na província de Bushehr, no sul do Irão, que abriga a única central nuclear do país.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) advertiu no sábado que um ataque contra esta central acarretaria "uma libertação muito elevada de radioatividade" por "centenas de quilómetros".

Os bombardeamentos causaram feridos, mas "nenhum" apresenta sinais de "contaminação radioativa", afirmou por sua vez o Ministério da Saúde iraniano, sem revelar o número de pessoas hospitalizadas.

Washington garante que o ataque foi um sucesso.

"Devastamos o programa nuclear iraniano", declarou o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, durante uma conferência de imprensa.

Foram usados na operação "Martelo da Meia-noite" sete bombardeiros 'invisíveis' B-2 que voaram por 18 horas sem serem detetados pelos sistemas de mísseis iranianos, informou o chefe do Estado-Maior Conjunto, Dan Caine.

Trump "procura a paz, e o Irão deveria seguir este caminho", afirmou Hegseth.

Por enquanto, Teerão parece fazer ouvidos moucos. A TV iraniana anunciou que o Irão disparou 40 mísseis contra Israel depois do ataque americano, deixando pelo menos 23 feridos, segundo os serviços de emergência israelitas.

Em Ramat Aviv, bairro residencial de Tel Aviv, parte dos prédios foi destruída pelos mísseis iranianos, "Não sobrou nada", disse à AFP Aviad Chernichovsky.

O Exército israelita indicou neste domingo que os seus caças atacaram 'dezenas' de posições militares em todo o Irão, incluindo pela primeira vez um local de lançamento de mísseis de longo alcance em Yazd, no centro do país

 "Em guerra"

Os Estados Unidos insistem que o objetivo não é provocar uma mudança do regime dos aiatolás.

"Não estamos em guerra contra o Irão, estamos em guerra contra o programa nuclear iraniano", disse o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, à emissora americana ABC. Washington atrasou "consideravelmente o programa nuclear iraniano, seja em anos ou inclusive mais", acrescentou.

Alguns israelitas alimentam a esperança de que o ataque americano seja um ponto de inflexão na guerra.

"Israel por si só não poderia parar (a guerra) [...] E levaria mais tempo", comentou à AFP, em Jerusalém, Claudio Hazan, engenheiro de informática de 62 anos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araqchi, por sua vez, avaliou que Estados Unidos e Israel decidiram fazer "ir pelos ares" as negociações entre Washington e Teerã sobre o programa nuclear iraniano, com a mediação de Omã.

"Esta agressão demonstrou que os Estados Unidos são o principal fator por trás das ações hostis do regime sionista contra a  República Islâmica do Irão", declarou o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirma que "o mundo hoje é mais seguro e estável do que há 24 horas", mas declarou que Washington está disposto a negociar com o Irão, que nega querer dotar-se de armas nucleares.

"Se o que eles querem são reatores nucleares para gerar eletricidade, há muitos outros países no mundo que o fazem e não precisam enriquecer o próprio urânio, podem fazê-lo", declarou à Fox News.

Nos últimos dez dias, os bombardeamentos israelitas atingiram centenas de instalações militares e nucleares na República Islâmica, e mataram militares de alta patente e cientistas envolvidos no programa nuclear.

O Irão respondeu com lançamentos de mísseis e drones, a maioria interceptada por sistemas de defesa aérea israelitas.

Segundo o balanço mais recente do Ministério da Saúde iraniano, mais de 400 pessoas morreram e mais de 3.000 ficaram feridas desde 13 de junho, quando Israel iniciou os ataques.

Os ataques em represália iranianos deixaram pelo menos 25 mortos em Israel, segundo as autoridades israelitas.

China, Rússia e Omã condenaram firmemente os ataques dos Estados Unidos, e a Arábia Saudita pediu uma desescalada. Iraque e Catar alertaram para o risco de uma desestabilização regional.

A União Europeia instou todas as partes a recuarem.

O Conselho de Segurança da ONU realizará uma reunião de emergência neste domingo, a terceira desde o início desta guerra.

Níveis de radiação estáveis

As autoridades nucleares do Irão, da Arábia Saudita e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não detetaram níveis de radiação preocupantes após o ataque sem precedentes dos Estados Unidos.

Até agora, Washington tinha-se limitado a aportar uma ajuda defensiva a Israel frente aos mísseis iranianos.

A Guarda Revolucionária, exército ideológico do Irão, alertou Washington que "espere represálias que lamentará".

Os rebeldes houthis do Iémen, aliados do Irão, consideraram os bombardeios americanos uma "declaração de guerra".

*Com AFP