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O presidente iraniano, Masud Pezeshkian, ameaçou este sábado Israel com uma resposta "ainda mais devastadora" aos seus ataques e descartou a interrupção do programa nuclear no seu país, no nono dia de guerra entre os dois inimigos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu na sexta-feira que o Irão tem um prazo "máximo" de duas semanas para evitar possíveis bombardeamentos de Washington.

"A nossa resposta à contínua agressão do regime sionista será ainda mais devastadora", advertiu Pezeshkian durante uma ligação telefónica com o presidente francês, Emmanuel Macron, segundo a agência oficial de notícias Irna.

Israel afirmou que a "campanha" militar contra o Irão será "longa" e o seu chanceler, Gideon Saar, considerou que a guerra "adiou pelo menos dois ou três anos" o desenvolvimento de uma bomba atómica no Irão.

Israel lançou em 13 de junho uma ampla campanha de ataques aéreos contra o Irão com o objetivo de evitar que o seu arquinimigo adquirisse a bomba atómica.

Os bombardeamentos israelitas atingiram centenas de instalações militares e nucleares na República Islâmica, e tiraram a vida de militares de alto escalão e cientistas envolvidos no programa nuclear.

O Irão nega que deseje ter armas atómicas e defende o seu direito a um programa nuclear civil. "Não concordamos em reduzir as atividades nucleares a zero em nenhuma circunstância", disse Pezeshkian.

Três comandantes mortos

Irão e Israel trocaram ataques mutuamente este sábado, e ouviram-se várias explosões à noite no centro e norte de Teerão, segundo jornalistas da AFP.

O Exército israelita anunciou que havia matado três altos responsáveis da Guarda Revolucionária: Said Izadi, um comandante desse exército ideológico que era responsável pela coordenação com "a organização terrorista Hamas", e outros dois comandantes.

Noutros ataques israelitas, morreram quatro combatentes da Guarda em Tabriz (noroeste) e cinco militares no oeste do Irão, segundo agências locais.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que bombardeamentos israelitas atingiram uma fábrica de centrífugas - usadas para enriquecer urânio - nas instalações nucleares de Isfahan, no centro do Irão, mas sem consequências em "termos de radiação".

Segundo o último balanço do Ministério da Saúde iraniano, comunicado neste sábado, mais de 400 pessoas morreram e mais de 3.000 ficaram feridas desde o início da guerra.

Os ataques de represália iranianos teriam deixado pelo menos 25 mortos em Israel, segundo autoridades desse país.

"Tive medo"

Israel também atacou a cidade sagrada xiita de Qom, ao sul de Teerão, onde um adolescente morreu, segundo a agência oficial Irna.

O jornal iraniano Sharagh relata "potentes explosões" no sudoeste do país, onde o Exército israelita havia anunciado bombardeamentos contra "infraestruturas militares".

No hospital Rasul Akram, em Teerão, os médicos atendem pessoas feridas nos bombardeamentos.

"Trabalho como entregador. Estava a entregar comida de mota quando, de repente, houve uma explosão na minha frente. Vi que estava a sangrar da cabeça, tive medo e comecei a gritar. Um voluntário trouxe-me aqui", contou à AFP Shahram, de 33 anos.

Por sua vez, a Guarda Revolucionária anunciou "operações combinadas" noturnas com drones e mísseis contra território israelita.

Um edifício residencial no vale de Beit Shean, no norte de Israel, foi atingido por um drone, informaram os serviços de resgate, que não reportaram vítimas.

Duas semanas

O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, após reunir em Genebra na sexta-feira com os seus colegas alemão, francês e britânico, afirmou que o país não retomará as negociações nucleares com os Estados Unidos até que os bombardeamentos israelitas cessem.

Embora não mantenham relações diplomáticas há quatro décadas, os Estados Unidos e o Irão realizaram desde abril várias rondas de negociações sobre o programa nuclear de Teerão.

A ofensiva israelita interrompeu esses contactos e agora o presidente dos Estados Unidos considera uma intervenção direta no conflito. Trump declarou na sexta-feira que o Irão tem um "máximo" de duas semanas para evitar possíveis ataques aéreos dos Estados Unidos.

Os rebeldes huthis do Iémen, que concluíram em maio um acordo de cessar-fogo com Washington, ameaçaram no sábado atacar navios americanos no Mar Vermelho em caso de intervenção dos Estados Unidos.

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que os europeus iam "acelerar as negociações" com o Irão para "sair da guerra", após a ligação telefónica com Pezeshkian.

Ainda assim, o diretor da AIEA, Rafael Grossi, declarou ao Conselho de Segurança da ONU que não há indícios de que o Irão esteja a fabricar uma arma atómica.

Israel mantém opacidade sobre o seu arsenal, mas o Instituto Internacional de Estudos de Paz de Estocolmo (SIPRI) estima que possui 90 ogivas nucleares.