
Acompanhe toda a atualidade informativa em 24noticias.sapo.pt
O programa nuclear iraniano tem vindo a intensificar-se desde que os Estados Unidos, sob a primeira presidência de Trump, abandonaram unilateralmente o acordo internacional de 2015, que limitava as atividades nucleares do Irão em troca do levantamento de sanções.
O acordo de 2015 impunha limites rigorosos às atividades nucleares do Irão, reduzindo severamente as reservas iranianas de urânio enriquecido, deixando apenas uma pequena quantidade enriquecida até 3,67% de pureza, muito longe dos cerca de 90% necessários para uso militar.
Começando por aí: em que consistia o Acordo Nuclear de 2015?
O acordo, internacionalmente conhecido como JCPOA (Joint Comprehensive Plan of Action), foi assinado a 14 de julho de 2015, em Viena, entre o Irão e o grupo conhecido como P5+1:
Estados Unidos
Reino Unido
França
Rússia
China
Alemanha
União Europeia
O objetivo do acordo era impedir que o Irão desenvolvesse uma arma nuclear, garantindo que o seu programa atómico teria fins exclusivamente civis, oferecendo em troca o alívio de sanções económicas.
Os Estados Unidos abandonaram oficialmente as negociações e retiraram-se do acordo em 8 de maio de 2018, data que marcou o início de uma nova fase de tensão nas relações entre os EUA e o Irão.
O então presidente Donald Trump alegou que o acordo não impedia o Irão de, no futuro, desenvolver uma bomba e não contemplava o apoio do Irão a grupos armados na região. Os EUA reimpuseram sanções severas.
Em resposta, o Irão começou a violar progressivamente o acordo, aumentando o nível de enriquecimento (até 60%), multiplicando reservas de urânio, instalando centrífugas avançadas e impedindo inspeções em várias instalações.
O conceito de "breakout time"
O conceito de "breakout time" refere-se ao tempo que o Irão demoraria a produzir material físsil suficiente para uma bomba nuclear, caso decidisse fazê-lo. Com o acordo de 2015, e as limitações impostas, esse tempo estava estimado em pelo menos 12 meses.
Atualmente, está estimado em dias ou semanas, segundo Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e vários especialistas.
No relatório apresentado em 31 de maio deste ano, a AIEA constatou a produção de urânio pelo Irão em pelo menos três locais não-declarados: Varamin, Marivan e Turquzabad. A agência deu também conta da impossibilidade de ter informação fidedigna por falta de colaboração do Irão: “Em várias ocasiões, o Irão não respondeu ou não forneceu respostas tecnicamente credíveis às perguntas da Agência", o que dificultou as atividades de verificação da AIEA.
O mesmo relatório dá conta que o Irão acelerou o ritmo de produção das suas reservas de urânio enriquecido a 60%, o patamar anterior aos 90% necessários para fabricar uma arma nuclear. A 17 de maio, a produção total era de 408,6 quilos, o que significa um aumento de 133,8 quilos nos últimos três meses contra um aumento de 92 quilos em idêntico período anterior.
“Este aumento considerável na produção e acumulação de urânio altamente enriquecido pelo Irão, o único Estado não detentor de armas nucleares a produzir este tipo de material nuclear, é motivo de grande preocupação”, sublinhava então a AIEA.
Comentários