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Mithá Ribeiro desvinculou-se do Chega e após a situação publicou um artigo de opinião, no jornal Observador, onde acusou André Ventura de ser um "predador psicológico".

Hoje, em declarações aos jornalistas, André Ventura reagiu ao sucedido. "Só tenho pena de que as pessoas quando não têm os lugares que querem critiquem", começou por dizer.

Para o líder do Chega, o sucedido "é mau para o país, é mau para a política", mas diz que não tem nenhum "ressentimento".

André Ventura lembrou ainda que está agora a ser visto por Mithá Ribeiro como "um demónio" quando anteriormente o mesmo o considerava alguém que "ia salvar o país".

De recordar que, ontem, André Ventura já se tinha manifestado sobre o tema.  "A política não pode ser uma luta por tachos, nem por lugares, tem que ser uma luta para exercer um serviço em prol da causa pública e um serviço pelas pessoas”, atirou.

As palavras de Mithá Ribeiro

"Entrei no Chega a 6 de setembro de 2020, com a certeza do descalabro da sociedade portuguesa, e saí meia década depois, a 22 de setembro de 2025, de um partido cada vez mais disfuncional no sentido patológico do termo. Se a experiência agregou um movimento popular inédito capaz de transformar Portugal para muitíssimo melhor, as reformas necessárias não chegam ao sujeito coletivo por serem sugadas por um único sujeito individual. Isso tem nome: abuso de poder narcísico", escreveu Gabriel Mithá Ribeiro num artigo de opinião publicado no Observador.

Para ex-membro do Chega, o anúncio do governo sombra "foi a derradeira oportunidade que poderia conceder ao predador psicológico André Ventura de anular a minha existência".

"Renunciei de imediato ao mandato na Assembleia da República e desvinculei-me do Chega, pois não toleraria a mim mesmo arrastar-me numa das mais escandalosas práticas de parasitismo social e subsidiodependência, a condição de deputado-joguete nas mãos de um líder narcísico incompatível com qualquer forma de sujeito coletivo, que tratou de destruir os fundamentos de uma instituição sólida que lhe servisse de filtro existencial", pode ler-se.

Mithá Ribeiro lembra também que “o ponteiro da responsabilidade coletiva nunca se moveu” no Chega, que ficou apenas por ser “o partido do André”.

“André Ventura é demasiado inteligente para, ao fim de quatro anos, não compreender ser o primeiro e principal traidor da essência política formalmente instituída pelo seu próprio partido, mas a sua impossibilidade de olhar o meio envolvente sem o filtro narcísico move-o numa cruzada insana contra o sujeito coletivo”, escreve.

Gabriel Mithá Ribeiro diz ainda que "André Ventura mudou para sempre Portugal ao escancarar as portas da liberdade à direita, mas a sua personalidade tóxica envenena o que ele mesmo semeou numa direita que não mais se pode permitir a si mesma ser infantil, primária, imoral, irracional, irresponsável, submissa a um dono".

De recordar que, a 22 de setembro, o Chega anunciou que Mithá Ribeiro apresentou a renúncia ao cargo de deputado. A decisão foi formalizada ao abrigo do Estatuto dos Deputados, mas o partido não revelou na altura as razões que motivaram a saída.

Eleito pelo círculo de Leiria nas últimas três legislativas, Mithá Ribeiro ocupava o cargo de secretário da Mesa da Assembleia da República e era uma das figuras mais visíveis do grupo parlamentar do Chega.

Já no início de outubro, o antigo deputado desistiu da candidatura à presidência da Câmara Municipal de Pombal, no distrito de Leiria.

Anteriormente, em 2022, o deputado chegou a demitir-se da vice-presidência do partido, após divergências internas relacionadas com a coordenação do gabinete de estudos. Na altura, garantiu que cumpriria o mandato dentro ou fora do Chega, acusando o líder de lhe retirar confiança política.

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