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Shawn Mendes, cantor luso-canadiano, falou pela primeira vez sobre a guerra em Gaza no seu concerto em Lisboa, na noite de quinta-feira. "Transformar dor e sofrimento em ódio contra o povo judeu como um todo é errado. Transformar dor e sofrimento em ódio é errado e não é o caminho certo", afirmou.
"Sinto que a nossa geração tem de aprender com a sabedoria dos nossos pais, com a sabedoria dos nossos avós, mas também aprender com os erros dessas gerações", acrescentou o músico.
"O futuro está verdadeiramente nas nossas mãos — e sinto que é nossa responsabilidade parar estes ciclos de dor e escolher o amor. Tenho de ser honesto: sinto que o futuro está em muito boas mãos quando olho à minha volta nos concertos. Estou muito, muito, muito orgulhoso de fazer parte desta geração", rematou.
Shawn Mendes, que frisou sentir-se "muito orgulhoso de ser português", fez ainda uma homenagem a Diogo Jota, na segunda parte do concerto, ao aparecer com uma camisola da Seleção Nacional, com o número 21 e o nome do jogador, que morreu em julho num acidente de viação. O gesto foi recebido com fortes aplausos pelos fãs, que partilharam o momento nas redes sociais.
Artistas portugueses pela Palestina
Nos últimos meses, muitos têm sido os músicos e artistas que se manifestam a favor do povo palestiniano, devido à guerra na Faixa de Gaza.
Em Portugal, no fim de semana passado, na final do The Voice Gerações, a cantora Marisa Liz usou um vestido feito a partir do lenço tradicional palestino, conhecido como Keffiyeh. "Uma peça feita de história, luta e esperança", escreveu no Instagram. "O caminho deste vestido não para por aqui. E a minha esperança pela humanidade também não".
Já em julho, as Carpintarias de São Lázaro, em Lisboa, receberam o evento A Day of the Sunbird – Arte e Cultura pela Palestina, uma celebração da riqueza artística e cultural palestiniana, juntando vozes de artistas da Palestina e da comunidade internacional, num total de "mais de 40 artistas, músicos, escritores, poetas, chefs e ativistas de diferentes origens".
Em maio, mais de 70 antigos participantes da Eurovisão, incluindo artistas portugueses como Salvador Sobral, Paulo de Carvalho, Fernando Tordo, Lena d’Água e António Calvário, assinaram uma carta aberta aos organizadores. Apelavam para que a emissora pública de Israel fosse excluída da Eurovisão 2025, alegando cumplicidade com o genocídio e ocupação do território palestiniano.
Anteriormente, em 2024, mais de 200 artistas nacionais (incluindo Cristina Clara, Benjamin, Bordalo II, Chullage, Noiserv, Fado Bicha, Luís Severo, Rita Redshoes, entre outros) assinaram uma petição para pedir que Israel fosse banido da Eurovisão, aludindo à disparidade face ao tratamento dado à Rússia e denunciando "genocídio de Israel contra o povo palestiniano em Gaza" e "genocídio cultural".
Lá fora não é diferente
Também no estrangeiro as vozes se levantam. No mês de setembro, a Wembley Arena, em Londres, vai receber o concerto "Together For Palestine", um espetáculo de beneficência em nome do povo palestiniano.
Damon Albarn, James Blake, Jamie xx, Sampha, King Krule, Hot Chip ou Paloma Faith fazem parte do cartaz, assim como os artistas palestinianos Adnan Joubran, Faraj Suleiman e Nai Barghouti, entre outros.
Na semana passada, várias bandas desistiram de participar num festival de música poucas horas antes da sua apresentação, depois de a banda folk irlandesa The Mary Wallopers alegar que foram "cancelados" por exibirem uma bandeira palestiniana.
Assim, The Last Dinner Party, Cliffords e The Academic anunciaram no sábado que não se apresentariam mais no festival Victorious, em Portsmouth.
Os organizadores, que inicialmente alegaram que The Mary Wallopers tiveram a sua apresentação cancelada na sexta-feira por usarem um hino "discriminatório", emitiram um pedido de desculpas à banda e comprometeram-se a fazer "uma doação substancial para os esforços de ajuda humanitária ao povo palestino".
Anteriormente, em abril, no festival Coachella 2025, nos EUA, artistas como Kneecap, Green Day, Blonde Redhead, Bob Vylan, Amyl and the Sniffers expressaram apoio à causa palestiniana em palco.
Kneecap foi removida da transmissão oficial, mas o seu desempenho foi retransmitido por um streamer: o grupo criticou diretamente o papel dos EUA e de Israel no conflito. Também a banda Green Day alterou a letra de “Jesus of Suburbia” para refletir as crianças de Gaza.
Também Roger Waters, ex-Pink Floyd, pode enfrentar um processo no Reino Unido após expressar publicamente apoio ao grupo Palestine Action, classificado como organização terrorista pelo governo britânico. Waters defendeu o grupo como pacífico, enquanto organizações críticas o acusam de discurso antissemita.
Nos Grammy Awards 2024 e em eventos como os Oscars e Screen Actors Guild Awards, celebridades como Billie Eilish, Finneas, Mark Ruffalo, Ramy Youssef, Annie Lennox e outros usaram pins “Artists4Ceasefire” ou fizeram discursos a pedir um cessar-fogo.
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