O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, admitiu que o partido poderá viabilizar o Orçamento do Estado para 2026, considerando que o Governo respondeu às principais exigências socialistas — nomeadamente nas áreas laborais, no reforço do SNS, na segurança social pública e na separação entre medidas fiscais e orçamentais. Ainda assim, sublinhou que o documento “não é o orçamento do PS”, frisando que um executivo socialista apresentaria uma proposta diferente.
A Iniciativa Liberal, pela voz da sua presidente Mariana Leitão, classificou o orçamento como “ganancioso para o Estado” e “pouco ambicioso para os portugueses”. Criticou a reduzida descida de impostos e a falta de respostas para o aumento do custo de vida e para a crise da habitação. Denunciou ainda a elevada carga fiscal sobre o trabalho e o facto de as pequenas reduções não beneficiarem a classe média, que considera ser “o motor do país”. A IL promete apresentar várias propostas na discussão na especialidade para reduzir impostos e incentivar a mobilidade habitacional e económica.
Já o presidente do Chega, André Ventura, avisou o Governo que o partido “não tolerará” qualquer aumento dos impostos sobre combustíveis. Apesar disso, afirmou ser prematuro definir o sentido de voto da bancada, indicando que as negociações poderão decorrer após as eleições autárquicas. Ventura deixou claro que, se o Governo mantiver a carga fiscal elevada, dificilmente o Chega apoiará o orçamento.
Como que em jeito de antecipação, o CDS apelou à “responsabilidade política” do PS e do Chega durante o debate na especialidade, recordando que a margem financeira do país é reduzida. O líder parlamentar, Paulo Núncio, defendeu que deve prevalecer o sentido de Estado e que os partidos tenham consciência do enquadramento orçamental e dos limites de despesa, elogiando a meta de um excedente de 0,1% prevista pelo Governo.
O PCP manifestou “total oposição” à proposta, considerando-a um orçamento “ao serviço dos grupos económicos e das multinacionais”, que agrava os problemas estruturais do país. A líder parlamentar, Paula Santos, acusou o Governo de manter políticas de baixos salários e pensões, enfraquecer os serviços públicos e alimentar a especulação imobiliária. Denunciou ainda a “convergência” do Chega com estas opções e o “comprometimento” do PS com a linha política do executivo.
O Livre também criticou o orçamento, que considera “sem ambição política” e reduzido a um “mero instrumento de gestão”. A deputada Patrícia Gonçalves afirmou que o Governo procurou apenas facilitar a viabilização do documento, sem imprimir uma visão estratégica. Ainda assim, o partido vai apresentar propostas de melhoria e lamenta as “reservas” existentes no Ministério das Finanças e noutros ministérios, que reduzem a margem para uma execução mais transformadora.
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