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Clara Pinto Correia, escritora, bióloga e professora universitária, uma das figuras mais marcantes da vida cultural portuguesa, foi encontrada sem vida na terça feira na sua casa em Estremoz. Tinha 65 anos.

A sua entrada na vida pública ocorreu em 1985, quando publicou Adeus princesa, romance que a projetou para uma notoriedade incomum no panorama literário nacional. Ambientada no Alentejo após a tentativa de Reforma Agrária, a obra tornou se um sucesso prolongado e foi adaptada ao cinema. "A autora destacou-se pela capacidade de afirmar simultaneamente feminilidade e frontalidade num meio em que tal combinação era rara", enfrentando preconceitos que recordaria anos mais tarde em entrevista à revista Máxima.

Durante o período de maior visibilidade publicou ainda Ponto pé de flor e A deriva dos continentes. Em 1986 escreveu com Mário de Carvalho o livro E se tivesse a bondade de me dizer porquê. Ao longo da carreira assinou cerca de cinquenta obras que abrangeram ficção, ensaio, crónica, poesia e literatura para a infância.

Paralelamente desenvolveu um percurso académico consistente. Formou-se em Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em 1984, e concluiu o doutoramento em Biologia Celular no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar no Porto, em 1992. Como investigadora e docente manteve uma atividade que ligou de modo invulgar ciência, literatura e comunicação.

A partir de 2003 enfrentou um período difícil na sequência de uma acusação de plágio relacionada com um artigo publicado na revista Visão. Seguiu-se um recuo prolongado da vida mediática agravado por dificuldades económicas e pela perda do emprego que acabariam por levar ao abandono da casa onde vivia no concelho de Sintra.

Apesar disso continuou a escrever. O seu último livro Antares foi publicado em junho pela editora Exclamação e demonstrou a persistência da sua voz literária mesmo durante a retração pública.

A notícia da morte motivou diversas reações. O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que Clara Pinto Correia "não deixou nunca ninguém indiferente", testemunhando a marca singular que deixou no espaço cultural português.

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