Segundo informações da própria Al Jazeera, que cita o diretor do hospital, essa tenda terá sido deliberadamente visada no ataque, causando a morte imediata de Al Sharif e de outros três membros da equipa: o fotojornalista Moamen Aliwa, o fotojornalista Ibrahim Zaher e o assistente de fotografia  Mohammed Noufal.

A perda de Al Sharif ocorre num contexto já marcado por alertas internacionais sobre a sua segurança. Em julho, o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) divulgou um comunicado expressando “séria preocupação” com a situação do repórter, denunciando que ele era alvo de uma “campanha de difamação militar israelita”.

A Al Jazeera acusa o exército israelita de promover uma “campanha de incitamento” contra os seus correspondentes na Faixa de Gaza, apontando Al Sharif como um dos principais alvos dessa pressão. A rede lembra que a perseguição a jornalistas na região tem vindo a aumentar desde o início da escalada de violência, comprometendo a liberdade de imprensa e o direito à informação.

Por sua vez, as forças armadas israelitas emitiram um comunicado em que afirmam que Anas Al Sharif “fazia-se passar por jornalista” e que alegadamente pertencia ao movimento islamita palestiniano Hamas, acusação que a Al Jazeera rejeita categoricamente.

O primeiro-ministro do Qatar, Mohammed ben Abdulrahmane al-Thani, classificou o episódio como um “ataque deliberado” contra jornalistas. “O alvo deliberado dos jornalistas por Israel na Faixa de Gaza revela o quanto esses crimes ultrapassam a imaginação”, declarou, prestando homenagem às vítimas.

O Governo de Gaza, liderado pelo Hamas, informou que, além dos cinco jornalistas da Al Jazeera, também morreu Mohamed Al Khalidi, do meio de comunicação palestiniano Sahat.

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou o que chamou de “assassínio reivindicado” do jornalista Anas Al Sharif, lembrando que ele era “uma das vozes mais conhecidas da Faixa de Gaza” e “a voz do sofrimento imposto por Israel aos palestinianos de Gaza”. A organização pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU, com base na resolução 2222 (2015) sobre a proteção de jornalistas em zonas de conflito, e anunciou que já apresentou quatro queixas contra o exército israelita no Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra contra jornalistas.

A RSF acusou ainda Israel de repetir um padrão já usado anteriormente, citando o caso de Ismail al-Ghoul e Rami al-Rifi, mortos em 31 de julho de 2024 em circunstâncias semelhantes.

O episódio eleva ainda mais a tensão entre Israel e a Al Jazeera, canal sediado no Catar, cuja cobertura do conflito tem sido alvo de críticas e restrições por parte das autoridades israelitas. Organizações internacionais e defensores da liberdade de imprensa têm apelado para que jornalistas e instalações de meios de comunicação sejam protegidos em zonas de conflito, em conformidade com o direito internacional humanitário.

Segundo dados do Governo de Gaza, já foram mortos 237 jornalistas desde o início da guerra.