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A oposição peronista, representada pelo Fuerza Patria, ficou-se pelos 31,7%, sofrendo uma derrota significativa, incluindo na província de Buenos Aires, tradicional bastião do peronismo. O LLA conquistou 16 das 24 províncias argentinas, enquanto a abstenção atingiu 34%, a mais alta desde 1983, refletindo cansaço ou desilusão de muitos eleitores. Resutltado especialmente expressivo num país onde o voto é obrigatório.
Antes das eleições esta vitória não era certa, tanto que o governo tinha baixado as expectativas, e classificou qualquer resultado entre 30% e 35% satisfatório, em causa estava a pesada derrota de Milei nas eleições provinciais em Buenos Aires, em setembro, quando perdeu para os peronistas por 14 pontos percentuais. Contudo, ontem o partido de Milei inverteu a maré, vencendo no maior distrito eleitoral da Argentina, que concentra cerca de 40% do eleitorado.
Estes resultados foram particularmente importantes numas eleições que eram vistas como um referendo à presidência de Milei e à sua agenda liberal, marcada por cortes radicais no Estado, desregulamentação da economia e reformas fiscais e laborais. Durante o primeiro mandato, Milei conseguiu reduzir a inflação de mais de 200% em 2023 para cerca de 31,8% interanual em 2025 e alcançar um superavit fiscal, apesar de estas medidas terem provocado a perda de mais de 200 mil empregos, o encerramento de cerca de 18 mil empresas e uma contração económica em 2024. A sua política de austeridade, descrita como de “motosserra”, incluiu cortes em subsídios, educação, saúde e infraestruturas, bem como despedimentos massivos no setor público.
A vitória dá a Milei um terço dos assentos na Câmara, o suficiente para proteger os seus vetos presidenciais e avançar com a sua agenda legislativa sem bloqueios imediatos do Congresso. Permitir-lhe-á também negociar com outros partidos, como o centrista PRO de Mauricio Macri, reforçando a base parlamentar necessária para aprovar reformas. Apesar do triunfo, analistas salientam que Milei terá de adotar uma postura pragmática para manter o apoio social e político a médio prazo.
A vitória foi celebrada internacionalmente, com destaque para o presidente dos EUA, Donald Trump, que já tinha anunciado um pacote de 40 mil milhões de dólares em apoio financeiro à Argentina, condicionado à vitória de Milei. Os mercados reagiram positivamente, com ações e obrigações argentinas a subirem significativamente, refletindo expectativas de maior estabilidade política e continuidade das reformas.
No discurso de vitória, Milei afirmou que os argentinos escolheram não regressar ao populismo, comprometendo-se a construir uma grande Argentina e a avançar com as reformas restantes para consolidar o crescimento económico e a liberdade. Admitiu ainda abertura para acordos básicos com deputados e senadores de outros partidos, sinalizando uma possível cooperação parlamentar.
“Sou o rei de um mundo perdido”, cantou Milei para de seguida dizer: “Hoje ultrapassámos o ponto de viragem – começa a construção de uma grande Argentina.” O presidente saudou o resgate financeiro dos EUA como “algo sem precedentes, não apenas na história argentina, mas na história mundial, porque os EUA nunca ofereceram um apoio de tal magnitude”.
“Agora estamos focados em realizar as reformas que a Argentina precisa para consolidar o crescimento e a descolagem definitiva do país – para tornar a Argentina grande novamente”, disse o presidente em espanhol, ecoando o slogan trumpista.
Apesar da vitória, o país enfrenta desafios sociais significativos, com cidadãos afetados pelos cortes em pensões, subsídios e serviços públicos. A popularidade de Milei também foi testada por escândalos de corrupção envolvendo membros do seu partido, incluindo a sua irmã Karina Milei, e pela renúncia de candidatos por ligações a fundos ilegais. A sustentabilidade da sua política económica dependerá agora da capacidade do governo de equilibrar austeridade com crescimento económico e bem-estar social.
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