A Global Sumud Flotilla, uma iniciativa que procura quebrar o bloqueio de Gaza e entregar ajuda humanitária à população palestiniana, conseguiu finalmente seguir viagem.

Os navios que partiram no início do mês de Barcelona fizeram escala na Tunísia para se juntarem ao resto das delegações do Magrebe, mas a partida conjunta foi sendo adiada por vários motivos.

Agora, preparam-se para se juntar às embarcações italianas no Mediterrâneo central. Ao todo, estima-se que 40 barcos participem nesta ação, oriundos de Espanha, Tunísia, Itália e, em breve, também da Grécia, nota o La Repubblica.

Mas a missão não segue igual. A ativista Greta Thunberg decidiu abandonar a liderança da flotilha humanitária. A escolha prende-se, segundo os relatos, com divergências em torno da forma como a comunicação pública da missão tem sido conduzida. A jovem ecologista entende que a atenção se tem centrado demasiado nas embarcações, em detrimento da situação humanitária dramática que se vive na Faixa de Gaza.

Apesar de se afastar da liderança, Thunberg mantém-se no comité organizador e continua a bordo, comprometida em levar a missão até ao fim. Entre os ativistas, há quem sublinhe que a decisão também reflete o peso psicológico e logístico da viagem: durante quase vinte dias, a flotilha tem enfrentado a constante ameaça de ataques e a pressão de chegar o quanto antes, à medida que a ofensiva militar israelita sobre Gaza se intensifica.

Contratempos na viagem

Os organizadores atribuíram os atrasos anteriores à situação meteorológica e a problemas logísticos, mas não revelaram as razões deste novo adiamento que se fez sentir nos últimos dias.

A flotilha enfrentou vários contratempos durante a paragem nos portos tunisinos, com os seus membros a denunciarem dois ataques com drones contra os navios "Família", de bandeira portuguesa e onde viajam elementos da organização, e "Alma", de bandeira britânica, em pouco mais de 24 horas.

Um dossiê elaborado pelos próprios ativistas denuncia ainda uma monitorização aérea incomum sobre a região. Pelo menos vinte aviões israelitas terão sobrevoado a Sicília oriental nas semanas em que as embarcações italianas se preparavam para partir. Alguns desses aparelhos estavam equipados para o transporte de drones.

Agora, enquanto os barcos prosseguem rumo a Gaza, resta saber se conseguirão cumprir a travessia sem novos incidentes e se, ao chegar ao destino, terão autorização para entregar os seus carregamentos de solidariedade. Para já, o Mediterrâneo central tornou-se palco de uma batalha simbólica onde convergem ativismo, política e a luta pela sobrevivência de um povo.