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Portugal conta com 297 empresas licenciadas para prestar cuidados no domicílio, desde apoio na higiene pessoal à alimentação, medicação e acompanhamento diário. No total, poderiam acolher 16 527 pessoas. Ainda assim, apenas 6 889 recebem este tipo de apoio, o que deixa 9 638 lugares disponíveis, concretamente uma taxa de utilização de apenas 41,7%.

As disparidades territoriais aprofundam o problema. Em Lisboa, Porto e Braga, os três distritos onde se concentra a maior oferta, há milhares de vagas por ocupar, mas em muitas zonas do interior o serviço praticamente não existe. Em Viana do Castelo e Portalegre, por exemplo, há apenas uma empresa por distrito, ao passo que em Évora e Bragança existem duas. A desigualdade de acesso acaba por empurrar muitas famílias para lares ou para internamentos prolongados, mesmo quando a permanência em casa seria possível.

“Todos os dias, milhares de profissionais garantem higiene, alimentação, medicação e acompanhamento a pessoas que podem e preferem continuar em casa”, lembra Nuno Afonso, presidente da Associação Nacional de Empresas Privadas de Apoio Domiciliário (AEPAD), salientando que o impacto do serviço é sobretudo humano.

“Somos a diferença entre envelhecer com autonomia, mas acompanhado, nas casas que sempre conheceram, ou ser depositado num lar, onde se ocupa a vaga de quem realmente necessita, ou na cama de um hospital, por falta de alternativa”, diz.

Lisboa, Porto e Faro são os distritos onde mais pessoas recebem apoio domiciliário, mas Setúbal surge com a taxa de ocupação mais elevada do país (63,7%). Ainda assim, estes números não escondem a realidade, pois haverá capacidade disponível, há profissionais preparados, "mas não há uma estratégia nacional que permita transformar estas respostas em alternativa real para milhares de famílias".

A AEPAD sublinha que o apoio domiciliário é uma solução mais humanizada, mais sustentável para o Estado e mais próxima do que muitas pessoas idosas desejam, que é continuar no lugar onde viveram toda a vida. “Com quase 300 empresas espalhadas pelo território, somos uma resposta essencial para o envelhecimento digno e para aliviar a pressão sobre lares e hospitais”, reforça Nuno Afonso.

Em todo o país, de acordo com a associação, multiplicam-se as histórias de quem gostaria de manter os seus familiares em casa, mas não encontra forma de o fazer, seja por desconhecimento das respostas existentes, seja pela falta de cobertura no seu município. "A rede está parcialmente construída. Falta que chegue verdadeiramente a quem precisa", acrescentam.

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