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O 24notícias sabe que Bruno Furtado, mais conhecido por Ghoya, foi detido pelas 19h55 na sala 4 do Cinema City, pouco depois de começar a sessão de estreia do documentário "Complô", protagonizado pelo rapper.

Segundo cartaz partilhado pelo artista nas redes sociais, os bilhetes para a sessão de exibição em Setúbal já estavam esgotados.

A detenção, a cargo da Equipa de Investigação Criminal (EIC) da PSP, teve também o apoio da Equipa de Intervenção Rápida (EIR).

"O Comando Distrital de Setúbal, através da Esquadra de Investigação Criminal da Divisão Policial de Setúbal, procedeu à detenção de um indivíduo de sexo masculino com 39 anos de idade, sobre o qual pendia um mandado de detenção para cumprimento de 160 dias de pena de prisão subsidiária", lê-se em comunicado do Comando Distrital de Setúbal a que o 24notícias teve acesso.

"Atendendo ao comportamento adotado pelo suspeito, tornou-se necessário aproveitar um momento de aparição pública, na cidade de Setúbal, para proceder à sua interceção", é explicado.

Assim, "em virtude da natureza do mandado que previa o pagamento de 1.440,00€, e [por] não possuir no momento a quantia, o detido foi posteriormente conduzido ao Estabelecimento Prisional de Setúbal para cumprimento da pena".

A PSP adianta ainda que "a detenção implicou a interrupção da sessão de cinema".

Produção do filme denuncia "ação policial completamente desproporcional"

"Complô", com realização de João Miller Guerra, conta a história do rapper crioulo e ativista político Ghoya, "órfão de um país onde nasceu, órfão do Estado. Encarcerado metade da sua vida, sempre livre".

Apesar de ter nascido em Portugal, Bruno Furtado não teve direito a cidadania portuguesa. Filho de mãe santomense e pai cabo-verdiano, conta também no documentário que cresceu marcado pelo racismo estrutural, pela desigualdade e por um longo período de reclusão.

Em comunicado enviado ao 24notícias, por parte da Magenta, distribuidora do filme, da Uma Pedra no Sapato, produtora do documentário Complô, e do realizador João Miller Guerra, é adiantado que, "no arranque da exibição do filme, já com Bruno Furtado na sala, um aparato policial "invadiu" o espaço, com a PSP a deter no local Bruno Furtado, conduzindo-o para o Estabelecimento Prisional de Setúbal".

"Soubemos, posteriormente, que a causa desta detenção foi o não pagamento de uma pena de multa. Não foi dada, como deveria, a possibilidade de, no local ou nas instalações para onde foi conduzido, Bruno Furtado efetuar o pagamento da pena/multa de imediato", é também denunciado.

Segundo o documento, "hoje, após intervenção da sua advogada, foi efetuado o pagamento da multa em causa, e Bruno Furtado foi libertado após 12 horas de detenção".

"A Magenta, a Uma Pedra no Sapato e o realizador João Miller Guerra lamentam profundamente o aparato e a ação policial completamente desproporcional levada a cabo tendo em conta o motivo em causa", pode ainda ler-se.

É ainda adiantado que "todas as sessões especiais com Ghoya e o realizador João Miller Guerra agendadas para a promoção de Complô vão realizar-se, para que o máximo de pessoas possível conheça a história de vida".

(Notícia atualizada às 15h28 com comunicados da PSP e da produção do documentário)

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