
PSD
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse hoje que quer um Estado que seja uma base para "cada um ser aquilo que quiser", sem intromissões, nem "dirigismos ideológicos".
Num vídeo publicado na sua conta de Instagram, Luís Montenegro, afirmou que é "possível construir um Portugal seguro, um Portugal que olha para os portugueses e lhes dá as ferramentas para terem uma casa digna, uma saúde de qualidade e um ensino com espírito transformador. Um Portugal onde o Estado sirva de base para cada um ser aquilo que quiser, sem intromissões nem dirigirmos ideológicos".
Na mensagem, no âmbito da celebração do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o primeiro-ministro adiantou que "os portugueses clarificaram recentemente o país que procuram" e acrescentou Portugal não precisa de mais nada para ser o país que quer ser.
"Temos uma das mais amplas zonas económicas do planeta, estamos numa posição estratégica e no epicentro do mundo ocidental e somos um lugar de gente dinâmica e empreendedora, com um território rico em recursos e potencialidades. Não precisamos de mais nada para sermos o país que realmente queremos ser", disse.
Montenegro realçou que Portugal já foi "uma nação com uma história cheia de conquistas e descobertas", salientando que o país já "ultrapassou desafios para dar novos mundos ao mundo e para construir ainda hoje as pontes que tecem algumas das mais relevantes ligações internacionais".
BE
A dirigente do Bloco de Esquerda (BE) Joana Mortágua destacou hoje “a ideia de uma Portugalidade aberta” no discurso do Presidente da República no Dia de Portugal, que relacionou com o da escritora Lídia Jorge.
“Tentar abrir o sentido de Portugalidade é uma mensagem importante em tempos de crescimento da xenofobia, do racismo e dos conflitos construídos aparentemente em torno das identidades”, afirmou.
Joana Mortágua falava à agência Lusa a propósito do discurso do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, na cerimónia militar comemorativa do 10 de Junho, realizada em Lagos, no distrito de Faro.
Assinalando que a intervenção do Presidente foi “bastante curta e parte dela muito conectada com a de Lídia Jorge”, a dirigente do BE lembrou que Marcelo disse que “não há nenhum português que possa dizer que é mais puro do que outro”.
“É a ideia de uma Portugalidade aberta, de que a identidade fechada não faz sentido historicamente”, salientou, considerando que “querer definir o que é ser português a partir de determinadas características fechadas é uma mentira histórica”.
Joana Mortágua salientou também a parte do discurso em que o chefe de Estado defende melhores cuidados sobretudo para os pobres, reconhecendo que “há noção” de que em Portugal se vive “também tempos de profunda desigualdade económica”.
“A centralidade dos problemas das pessoas comuns continua a estar na desigualdade económica, na crise da habitação, na pobreza, na necessidade de cuidarmos uns dos outros, de mantermos uma comunidade que se constrói a partir dessa solidariedade e não a partir de uma falsa ideia de identidade”, sublinhou.
Sobre a intervenção de Lídia Jorge, conselheira de Estado que falava enquanto presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do 10 de Junho em Lagos, a dirigente bloquista defendeu que “é um discurso que merece ser estudado”.
“É não só uma crítica à ignorância, mas uma crítica ao elogio da ignorância que parece fazer parte dos nossos tempos e uma capacidade extraordinária de falar da história de Portugal a partir de Camões, mas sem o fazer de um lugar purista, cristalizado, ossificado”, vincou.
Para Joana Mortágua, a presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do 10 de Junho em Lagos foi “capaz de fazer o elogio do povo que lutou pela liberdade e contra a opressão e que cedeu à diversidade”.
“É um discurso que demonstra um enorme amor a Portugal e à História de Portugal, não a partir de sentimentos e de atitudes de exclusão e ódio, mas a partir, precisamente, do contrário, de sentimentos de liberdade, da possibilidade de repensar a história”, realçou.
A dirigente do Bloco destacou também a “menção à escravatura” no discurso de Lídia Jorge, notando que essa alusão “ainda é rara ser feita quando se aborda a história de Portugal”.
“Mas é importante e faz parte da nossa história termos lançado essa tragédia, sendo parcialmente responsáveis por essa tragédia humanitária”, acrescentou.
PS
O presidente e secretário-geral interino do PS, Carlos César, considerou hoje essencial uma atitude de firmeza pedagógica e política contra tendências totalitárias e afirmou que essas derivas ditatoriais não resolvem qualquer problema dos cidadãos.
Carlos César falava aos jornalistas no final da cerimónia comemorativa do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que se realizaram em Lagos, no distrito de Faro.
Numa alusão ao discurso da comissária deste ano para as comemorações, a escritora e conselheira de Estado Lídia Jorge, que alertou contra a desumanidade e o racismo, entre outros aspetos, o presidente do PS afirmou ser “importante que haja firmeza pedagógica e política para não dar caminho a tendências totalitárias - tendências que infelizmente pululam no país”.
“Penso que não podemos estar desatentos em relação a estes fenómenos, que são fenómenos da tentativa totalitária. E a atenção não é só dos políticos, mas também dos portugueses”, sustentou.
Interrogado sobre a possibilidade de estar em curso “um revisionismo dos extremos”, um ponto levantado pela escritora Lídia Jorge no seu discurso, Carlos César defendeu que “os portugueses não devem confundir a necessidade de resolver problemas que não têm sido resolvidos com derivas ditatoriais e totalitárias que não resolvem problema nenhum”.
“As derivas totalitárias, pelo contrário, adensam a angústia e a inaptidão do Estado no seu relacionamento com os cidadãos”, sustentou o presidente do PS.
Pelo contrário, de acordo com Carlos César, a solução passa por se governar “bem, resolvendo problemas e demonstrando que a democracia é cenário próprio para que essa resolução chegue a bom termo”.
“Não há nenhum regime alternativo à democracia que respeite as pessoas e que possa ser a sede própria de resolução dos problemas das pessoas”, acrescentou.
Chega
O presidente do Chega avisou hoje que o seu partido procurará derrubar no parlamento um Governo que proceda à “revisão” e “culpabilização” da História de Portugal e à devolução de bens às antigas colónias.
André Ventura falava aos jornalistas no final da cerimónia comemorativa do 10 de Junho, em Lagos, no distrito de Faro, quando comentava o teor dos discursos proferidos pela presidente das comemorações, a escritora Lídia Jorge, e pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Apesar de a questão da reparação de Portugal às suas antigas colónias não ter sido abordada em nenhum desses dois discursos, o presidente do Chega levantou o tema depois de ter sido confrontado pelos jornalistas com a ideia de um povo português multicultural inerente às intervenções de Marcelo Rebelo de Sousa e de Lídia Jorge.
André Ventura começou por assinalar aos jornalistas estar a ouvir da assistência palavras de apoio, elogiou o Presidente da República por ter abordado a questão dos antigos combatentes portugueses, mas lamentou que não se tenha falado “no excesso de imigração”.
A seguir, sem se referir a Lídia Jorge, alertou para a possibilidade de o poder político entrar “num caminho perigoso de dizer que os portugueses são culpados pelo esclavagismo que houve no mundo”.
“Esta semana vi Moçambique pedir a devolução de obras de arte, ou a devolução de qualquer riqueza portuguesa. Sem ofensa para ninguém, eu represento o meu país, que é Portugal. E Portugal não vai devolver nada”, declarou.
“Se Portugal devolvesse o que quer que fosse a uma antiga província”, de acordo com André Ventura, então eles “tinham que devolver os milhões que os portugueses investiram em estradas, em hospitais, em escolas, em cultura”.
“Mentalizem-se disto, nós não vamos devolver nada a ninguém. E o Governo que tentar que Portugal reveja a sua História, culpando-se a si próprio, ou que devolva às antigas colónias o que quer que seja, da nossa parte cairá no parlamento no dia seguinte, porque nós temos de ter orgulho na nossa História”, reforçou.
O presidente do Chega assumiu que Portugal “teve o seu papel no mundo, teve o seu papel na criação de impérios, teve o seu papel no esclavagismo, teve o seu papel como outras nações do mundo tiveram”.
“Outra coisa é chicotear-nos, bater-nos com o chicote nas costas e dizer nós somos responsáveis, nós vamos indemnizar-vos, nós vamos assumir a culpa. Não, Portugal não assume a culpa de nada a não ser de ter uma grande História”, contrapôs.
Depois do fim da cerimónia, já quando todos os representantes institucionais tinham abandonado a Avenida dos Descobrimentos em Lagos, o presidente do Chega esteve a cumprimentar durante cerca de 20 minutos e comentou que “as pessoas não deixam de apoiar o Chega”.
“Quanto ao Presidente da República parece-me que quis, honestamente, dar uma centralidade aos antigos combatentes, mas lamento não ter existido uma palavra para o excesso de imigração que estamos a ter”,
”Tanto se falou de multiculturalidade, da centralidade portuguesa, e os políticos continuam sem coragem para dizer que há um problema com a imigração em Portugal e que temos que lutar contra ela”, acrescentou.
CDS
O líder parlamentar do CDS elogiou hoje a condecoração do antigo Presidente da República Ramalho Eanes, considerando que o general teve um papel decisivo na consolidação da democracia, destacando a operação militar de 25 de Novembro.
Esta posição foi defendida por Paulo Núncio em declarações aos jornalistas, no final da sessão solene comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em Lagos, no distrito de Faro, que foram presididas pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.
Numa cerimónias que tiveram a presença do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e do primeiro-ministro, Luís Montenegro, o líder parlamentar do CDS referiu que “no dia 10 de Junho se deve comemorar Portugal”.
“É um dia para sentirmos orgulho de ser portugueses, sentirmos orgulho da nossa História, sentirmos orgulho do nosso presente e do nosso futuro. Portugal tem todas as condições para ser um extraordinário país agora e no futuro", rematou.
Paulo Núncio destacou depois o ato de Marcelo Rebelo de Sousa condecorar o antigo Presidente da República, o general Ramalho Eanes
“Foi de uma enorme justiça a distinção do general António Ramalho Eanes. É um homem hoje reconhecido por todos os portugueses como um extraordinário patriota, um homem militar, um general, reconhecido pelos seus camaradas”, sustentou.
O líder parlamentar acrescentou que Ramalho Eanes foi “um homem que teve um papel importante na transição da ditadura para a democracia e que depois teve um papel central no 25 de Novembro 1975.
“Quando comemoramos em 2025 os 50 anos do 25 de Novembro, ficou muito bem ao Presidente da República ter distinguido o general Ramalho Eanes como uma figura maior da nossa democracia, como uma figura maior dessa transição da ditadura para a democracia. E esta cerimónia ficou muito a ganhar com a distinção que foi feita ao general Ramalho Eanes", acrescentou.
*Com Lusa*
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