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O anúncio foi feito numa publicação no X, onde o homem mais rico do mundo revelou uma aplicação de IA “dedicada a conteúdos adequados para crianças”. Não adiantou muitos detalhes sobre a app nem uma data oficial de lançamento, mas referiu-se a ela como “Baby Grok”.

Espera-se que este modelo seja diferente do Grok original, ou seja, não será apenas uma versão limitada, mas sim um chatbot treinado e ajustado desde o início com foco na “segurança, educação e moderação de conteúdo” para crianças.

Entre as principais diferenças poderá estar um filtro de linguagem mais rigoroso, a proibição de temas violentos ou “politicamente polémicos” e a inclusão de ferramentas que permitam o controlo parental.

Atualmente, as regras da xAI, empresa de Musk por trás do Grok, indicam que a versão atual do chatbot não é apropriada para menores de 13 anos.

A versão mais recente da IA da startup, o Grok-4, foi apresentada no início de julho como “o modelo mais inteligente do mundo”. Esta atualização inclui habilidades de raciocínio mais avançadas e integração de pesquisa em tempo real.

A notícia do Baby Grok ganha especial relevância poucas semanas depois do Grok original ter gerado controvérsia ao usar retórica antissemita e elogiar o líder nazi Adolf Hitler. Musk admitiu que o chatbot era “demasiado obediente aos comandos dos utilizadores” e foi “manipulado” para proferir declarações “inapropriadas”. Desde então, afirmou que o Grok foi “significativamente melhorado”.

Estamos perante uma tendência global de IA orientada para públicos vulneráveis?

Quando aparecem novas tecnologias, é normal que exista uma preocupação com os grupos que possam ser mais afetados pelo seu uso. A população idosa e o público infantil são especialmente vulneráveis, não só pela menor familiaridade com as ferramentas digitais, mas também pelas suas necessidades específicas.

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Nesta ótica, os desenvolvedores veem nestes públicos um desafio e uma oportunidade para criar assistentes personalizados. Com uma população que vive cada vez mais tempo e pais preocupados com os riscos da má utilização da internet e da IA pelas crianças, cresce a tendência para desenvolver soluções inclusivas, acessíveis e seguras para estes grupos.

Já foram dados passos importantes por várias organizações. Para a população sénior, existem soluções como a Catalia Health (desenvolve assistentes virtuais para apoiar o cuidado da saúde), a ElliQ um robô social que utiliza IA para manter os idosos mentalmente ativos), e a CarePredict (usa sensores e IA para identificar alterações no dia a dia que possam indicar problemas de saúde).

Para as crianças, destacam-se a Khan Academy Kids  (uma plataforma educativa com recursos adaptativos baseados em IA que personalizam o ensino)  e o YouTube Kids (usa IA para filtrar conteúdos inadequados).

Com o Baby Grok, Elon Musk entra agora neste mercado específico da inteligência artificial para crianças. Esta abordagem visa criar soluções que respondam às necessidades e limitações particulares destes públicos, promovendo segurança e acessibilidade.

Alguns especialistas alertam que, apesar da proposta ser promissora, será necessário um esforço contínuo em auditoria, testes rigorosos e parcerias com instituições educativas para garantir que o Baby Grok cumpra o que promete.

A confiança do público, sobretudo quando envolve menores, exige cuidados redobrados e total transparência. Numa altura em que se discute a proibição do acesso de crianças às redes sociais, fará sentido criar uma inteligência artificial que lhes fala diretamente?