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A cerimónia, esta quinta-feira, integrada no programa comemorativo “RP 80”, contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que aproveitou o momento para desafiar o criador a continuar em atividade por mais uma década. Contou ainda com reposições de alguns dos seus espetáculos mais emblemáticos e o lançamento de um novo livro.

“Faz falta querer mais. No mundo tal como está agora, faz falta querer mais”, afirmou Marcelo, lançando o repto a Ricardo Pais para que permaneça em funções até aos 90 anos.

Segundo a agência Lusa, o chefe de Estado descreveu Ricardo Pais como “um dos encenadores decisivos do Portugal democrático” e “um exemplo com toques geniais de liberdade”. Com o seu habitual humor, Marcelo acrescentou que “a homenagem aos 80 anos peca talvez por excesso”, sublinhando, contudo, que o encenador “está para durar”.

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Em resposta, Ricardo Pais agradeceu o desafio, mas afastou a hipótese de regressar à vida pública do teatro: “Isso não está, sequer, em questão. Tenho imenso que fazer, muita coisa para fazer. Não vou fazer nada propriamente público, mas no privado há imensa coisa que se pode fazer, não é?”, disse aos jornalistas.

Durante a afixação do seu nome na sala principal, o encenador confessou-se “comovido” com a distinção, embora sem perder o humor que o caracteriza: “Devia ter umas bananas e uma Carmen Miranda ao lado, vai ter um ar de Las Vegas terrível”, brincou, acrescentando que “ninguém pode desejar melhor do que ter o seu nome numa sala” de teatro, refere à agência Lusa.

O programa “RP 80” decorre entre 16 e 19 de outubro e inclui a reposição de duas das suas obras mais emblemáticas — “Turismo Infinito” e “al mada nada” —, além do lançamento do livro “Despesas de Representação — Ditos e Escritos (1975-2025)”.

A ministra da Cultura, Juventude e Desporto, presente na cerimónia, considerou a atribuição do nome de Ricardo Pais à sala principal do TNSJ “um gesto simples, mas de profundo significado”. Destacou ainda o “olhar singular” do encenador ao longo de “mais de cinco décadas de criação”, elogiando o teatro por ter prestado uma homenagem “sem perder a sua identidade”.

Natural de Leiria, nascido em 1945, Ricardo Pais é um dos mais influentes encenadores do pós-25 de Abril. Formado no Drama Centre, em Londres, regressou a Portugal nos anos 1970, onde se afirmou como um dos renovadores do teatro nacional. Dirigiu o Teatro Nacional D. Maria II (TNDM) e, por duas vezes, o Teatro Nacional São João, onde concebeu a estrutura e o ideário que ainda hoje marcam a instituição.

Autor de encenações que cruzam literatura, música e performance, assinou obras como "Ninguém" (Frei Luís de Sousa, a partir de Garrett), “D. João” (Molière), “Fausto, Fernando, Fragmentos” (Pessoa), “Clamor” (Luísa Costa Gomes, a partir de sermões de Padre António Vieira), “Minetti” (Thomas Bernhard) e “A Mandrágora” (Maquiavel), consolidando uma linguagem teatral que alia rigor formal e inquietação poética.

No seu percurso, que conta com autores como William Shakespeare, Arthur Schnitzler, Federico García Lorca, Eugene O’Neill, Joe Orton, Alfred Jarry, Rainer Werner Fassbinder, há também "A tragicomédia de Dom Duardos", de Gil Vicente, "A Salvação de Veneza", de Thomas Otway, "As Lições", conjugando Eugene Ionesco, Georges Feydeau, Ramalho Ortigão, Ernesto Sampaio, e "Madame", de Maria Velho da Costa.

Sublinha-se que sob a sua direção, o TNSJ promoveu um repertório de autores portugueses e estrangeiros, modernizou a sua estrutura e reforçou o papel do teatro público na vida cultural da cidade do Porto.

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