Acompanhe toda a atualidade informativa em 24noticias.sapo.pt

Nos últimos dias, os perfis da startup portuguesa Amplemarket e dos seus fundadores desapareceram da plataforma e várias pessoas, seja em publicações no Linkedin como a deste utilizador (ou esta que gerou maior discussão nos comentários), seja em fóruns no Reddit, começaram a dar pela sua falta.

Algum contexto: a Amplemarket é uma plataforma de vendas, que recorre a inteligência artificial para automatizar uma série de tarefas e dar insights que aumentam as probabilidades de sucesso. Para isto, a empresa recorre a várias fontes de dados, sendo uma delas, o LinkedIn. Em 2022, levantou uma ronda de investimento de 12 milhões de dólares para potenciar o crescimento em mercados internacionais, nomeadamente nos EUA.

A sua newsletter de sempre, agora ainda mais útil

Com o lançamento da nova marca de informação 24notícias, estamos a mudar a plataforma de newsletters, aproveitando para reforçar a informação que os leitores mais valorizam: a que lhes é útil, ajuda a tomar decisões e a entender o mundo.

Assine a nova newsletter do 24notícias aqui

Por ser uma plataforma B2B (business-to-business), tanto a empresa como os seus fundadores são bastante ativos no LinkedIn, como estratégia de marketing para os seus produtos e aquisição de clientes.

O que poderá ter acontecido?
A monitorização do LinkedIn à forma como outras plataformas tiram proveito dos seus dados tem vindo a ser cada vez mais rigorosa.

A rede social é o local onde estão os principais decisores de cada empresa: os que decidem orçamentos, os que aprovam campanhas, os que compram diferentes tecnologias, os que contratam talento, e muito mais.

É, por isso, uma plataforma muito rica no que diz respeito ao número de dados que é capaz de gerar. Isto vai desde o comportamento dos utilizadores aos insights que pode dar a uma empresa, aumentando a probabilidade de ser bem-sucedida numa determinada dinâmica ou atividade.

Nos termos de serviço, o LinkedIn estabelece uma “baliza” sobre a forma como os seus dados podem ser utilizados e um conjunto de sanções para plataformas que não sigam as melhores práticas.

Durante algum tempo, a rede social teve uma abordagem mais leve a alguns dos excessos, mas, nos últimos anos, adotou uma abordagem mais implacável.

Por um lado, as legislações de proteção de dados como o RGPD obrigaram a isso, especialmente em regiões como a União Europeia. Por outro, várias tecnologias de Inteligência Artificial, sempre em busca de dados de qualidade e, em muito casos concorrentes, começaram a colocar em causa o seu modelo de negócio.

Além dos anúncios, uma das principais fontes de receita do LinkedIn são subscrições premium (como o LinkedIn Sales Navigator), que oferecem aos utilizadores precisamente esse contacto mais direto com decisores e mais informações sobre as respetivas empresas. Em 2024, este serviço gerou 2 mil milhões de dólares em receitas, de acordo com a Microsoft (dona da plataforma).

A tecnologia da Amplemarket é uma concorrente direta e a forma como utiliza alguns dados da rede social poderá estar na origem da sua suspensão.

Isto já aconteceu a outras empresas?
Os dois casos mais sonantes são duas plataformas americanas – a Apollo.io e a Seamless.ai – que oferecem um serviço semelhante ao da Amplemarket e que, no início do ano, viram a sua presença no LinkedIn bloqueada devido à forma como estavam a utilizar dados da rede social para os respetivos produtos.

Os perfis dos CEOs das plataformas estão atualmente ativos, mas os das empresas continuam suspensos. No momento das suspensões, ambos fizeram publicações a garantir que estavam a trabalhar com o LinkedIn para resolver a situação e que a mesma não iria afetar o nível de serviço oferecido aos seus clientes.

O que pode esperar a Amplemarket?
Nesta altura, é difícil determinar dado que ainda não houve um comunicado oficial da empresa nem do LinkedIn. A resolução deste processo poderá seguir um caminho semelhante ao das empresas mencionadas com a eventual reativação do perfil dos cofundadores da Amplemarket, mas a presença da empresa na rede e o impacto deste evento no seu negócio são ainda uma incógnita.

Nas publicações no LinkedIn, já houve comentários de membros da Amplemarket a partilhar que esta decisão não afeta o produto (e também clientes), apenas a presença da empresa na rede social. Outros escolheram destacar o caso como um exemplo de uma plataforma a exercer a sua influência e a procurar proteger os seus dados, uma tendência cada vez maior à medida que cada empresa procura ganhar alguma vantagem no que diz respeito a inteligência artificial.

O The Next Big Idea tentou entrar em contacto com Amplemarket e LinkedIn para comentários, mas não obteve resposta.