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Morreu o Jorge Costa. E quem não percebe a importância disto, não percebe o que é ser do Porto.
O Jorge não era só mais um central. Era o patrão da defesa, o líder, o homem que impunha respeito, dentro e fora de campo, só com o olhar. Era a alma da Invicta em carne e osso. Um jogador que nunca se escondeu, que dava tudo o que tinha em cada lance e que não fingia ser simpático só para agradar. Dizia as coisas como eram. Jogava com o corpo todo. Era duro, muitas vezes até em excesso, mas era verdadeiro. E era nosso.
Tinha cara de poucos amigos, mas dentro do balneário era dos que unia. Gritava-te à cara se fosse preciso, mas no jogo seguinte era o primeiro a defender-te de tudo e todos. Esse tipo de liderança faz falta no futebol. E faz falta, também, na vida.
2025 está a ser um ano demasiado pesado. Para o futebol, no geral. E para os portistas, em particular. Primeiro, a perda de Pinto da Costa, o presidente eterno e o cérebro por trás de tantas conquistas. Agora, Jorge Costa, o ex-capitão, o coração que batia dentro de campo. Duas figuras que construíram, com sangue e suor, o Porto europeu que tantos invejam.
Há uma coisa que tem de ser dita. O Jorge Costa representava tudo aquilo que define os portuenses e as gentes do Norte: trabalhadores incansáveis, diretos no que dizem, teimosos por natureza, com sangue na guelra e uma paixão pela vida que não cabe no peito. Ele era isso tudo em campo. Não era um jogador de encher os olhos com fintas ou passes bonitos. Era um jogador de corte, de choque, de comando e de voz. E com essa forma de jogar, conquistou tudo. Oito campeonatos nacionais, uma Taça UEFA, uma Liga dos Campeões e uma Taça Intercontinental. Sempre com aquela cara de quem só descansava quando o trabalho estava feito.
Mas se há coisa que o Jorge nos ensinou foi seguir em frente com a cabeça erguida. Dar tudo até ao fim.
E há três lições que qualquer pessoa que lidera uma equipa, uma casa e/ou uma vida devia aprender com ele:
- Quem lidera, lidera com o exemplo
Ele não precisava de dar discursos. Bastava vê-lo jogar. Era o primeiro a meter o pé, a correr e a levantar-se. Isso vale mais que mil palavras. É a base de qualquer liderança respeitada. E no caso do Jorge Costa, isso era claríssimo. Este ensinamento aplica-se tanto a um capitão de equipa como a um gestor ou até a um pai/mãe em casa. Quem dá
o exemplo ganha naturalmente o respeito dos outros. E isso é mais eficaz do que qualquer discurso motivacional.
- Protege os teus, mesmo quando custa
O Jorge Costa era leal à equipa, sim. Mas mais do que isso, era o primeiro a dar a cara por quem estava ao lado dele. Mesmo quando as coisas corriam mal, ele não fugia. Não se escondia atrás dos outros. Assumia, defendia e segurava o grupo. Quem lidera tem de fazer isso. Proteger os seus, mesmo quando é mais fácil apontar o dedo.
- Nunca virar a cara à luta
Com o Jorge Costa, sabíamos que havia sempre alguém disposto a dar tudo. A enfrentar o jogo com coragem, sem se encolher e se esconder. Isso é o mínimo que se exige a quem veste aquela camisola. E a quem lidera, em qualquer lado.
Hoje o Jorge Costa morreu. Mas o impacto que ele teve não desaparece. Está em cada portista que cresceu a vê-lo dar o corpo ao manifesto. Está na forma como aprendemos a respeitar a camisola. Está em cada liderança feita com garra, frontalidade e lealdade.
Está em nós. E vai continuar.
Descansa em paz, capitão.
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