Acompanhe toda a atualidade informativa em 24noticias.sapo.pt
A China voltou a afirmar que Taiwan faz parte do seu território e reiterou a intenção de avançar para a reunificação, recorrendo à força se necessário. A posição foi transmitida pelo presidente chinês, Xi Jinping, durante um telefonema com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O governo democraticamente eleito de Taiwan rejeita de forma categórica qualquer reivindicação chinesa, revela o The Guardian.
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, a conversa abordou ainda outros temas sensíveis, incluindo a guerra na Ucrânia e a necessidade de aprofundar a frágil trégua comercial entre Pequim e Washington.
A questão de Taiwan assumiu, contudo, um papel central. A China encontra-se envolvida numa acesa disputa diplomática com o Japão, aliado próximo dos EUA, que já levou à diminuição do turismo chinês para território japonês, à proibição de produtos do mar japoneses e ao cancelamento de vários eventos culturais conjuntos.
O conflito foi desencadeado após Sanae Takaichi, primeira-ministra japonesa, sugerir este mês que Tóquio podiam intervir militarmente caso atacassem Taiwan.
Na terça-feira, Sanae Takaichi afirmou ter também conversado com Trump, discutindo a chamada entre o líder norte-americano e Xi, bem como as relações Estados Unidos–Japão. Sem entrar em detalhes, referiu apenas que houve “uma ampla troca de pontos de vista sobre o reforço da aliança entre o Japão e os EUA e os desafios da região Indo-Pacífica”. A iniciativa do contacto partiu, segundo disse, do próprio Trump.
Taiwan rejeita qualquer “regresso” à China
Embora Washington não reconheça oficialmente Taiwan como Estado soberano, continua a ser o mais importante parceiro e fornecedor de armamento da ilha. Na publicação na plataforma Truth Social, Trump não mencionou Taiwan, preferindo salientar a relação “extremamente forte” dos EUA com a China.
Contudo, de acordo com Pequim, Trump terá dito a Xi que os Estados Unidos “compreendem a importância da questão de Taiwan para a China”.
Em resposta, o primeiro-ministro taiwanês, Cho Jung-tai, rejeitou qualquer possibilidade de “regresso” à China para os 23 milhões de habitantes da ilha.
“Queremos reforçar que a República da China, Taiwan, é um país totalmente soberano e independente”, afirmou. “Para o nosso povo, ‘regressar’ não é uma opção, isto é muito claro.”
O telefonema entre os dois líderes ocorreu após a reunião de finais de outubro, a primeira desde 2019, centrada sobretudo em negociações comerciais. A guerra comercial entre Washington e Pequim, que abrange desde terras raras a soja e taxas portuárias, tem abalado os mercados globais e perturbado cadeias de abastecimento.
O encontro na Coreia do Sul produziu um acordo preliminar, com Pequim a suspender por um ano algumas restrições à exportação de minerais críticos. A China domina a extração e processamento de terras raras, essenciais para componentes eletrónicos avançados utilizados nos setores automóvel, eletrónico e de defesa.
Os EUA, por sua vez, comprometeram-se a reduzir tarifas sobre produtos chineses, enquanto Pequim aceitou comprar pelo menos 12 milhões de toneladas de soja norte-americana até ao final deste ano e 25 milhões de toneladas até 2026.
Xi disse a Trump que as duas potências devem “manter o ímpeto”, classificando o encontro na Coreia do Sul como um momento que “recalibrou a rota do grande navio das relações sino-americanas”. Desde então, afirmou, a relação tem seguido uma “trajetória estável e positiva”, algo bem-vindo pela comunidade internacional.
Trump adotou um tom igualmente otimista, afirmando que houve “progressos significativos” no cumprimento dos acordos alcançados.
O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, afirmou que Washington espera concluir um acordo com a China para garantir o abastecimento de terras raras até ao feriado de Ação de Graças.
Os líderes abordaram ainda a guerra na Ucrânia, uma prioridade para Trump, que tem insistido na necessidade de pôr fim ao conflito. A China, que se tem posicionado como ator “neutral”, reiterou durante a chamada a intenção de apoiar todos os esforços para encerrar quase quatro anos de guerra.
As duas potências confirmaram também planos para futuras visitas de Estado. Trump deve deslocar-se à China em abril, enquanto Xi deve viajar a Washington em 2026, embora Pequim ainda não tenha comentado oficialmente estas datas.
__
A sua newsletter de sempre, agora ainda mais útil
Com o lançamento da nova marca de informação 24notícias, estamos a mudar a plataforma de newsletters, aproveitando para reforçar a informação que os leitores mais valorizam: a que lhes é útil, ajuda a tomar decisões e a entender o mundo.
Assine a nova newsletter do 24notícias aqui.
Comentários