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Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Mário Mourão explicou que a UGT decidiu aderir à greve geral após ter sido “encostada à parede” pelo executivo, que prepara levar o documento à Assembleia da República sem alterações significativas.

“A melhor coisa que poderia acontecer para a UGT não avançar para a greve é que todos refletíssemos, se não era o momento, agora, de parar”, afirmou.

Pegando no sinal de “pare, escute e olhe”, o dirigente aconselhou o Governo a “parar, escutar e refletir”, para perceber até onde é possível recuar de cada lado e, retirando a proposta, permitir que a central sindical desistisse da paralisação.

Sobre o que precisa de mudar nas reuniões de 19 de novembro e 10 de dezembro, Mourão foi direto: “Se calhar o que nós temos que pensar é marcar dois dias de greve, em vez de ser só um”.

O líder sindical mostrou-se cético quanto à possibilidade de uma solução rápida: “Nós, em cinco meses, não conseguimos produzir um documento que contemplasse as várias propostas. Acha que num mês, menos de um mês, nós vamos conseguir isso? Eu tenho muitas dúvidas.”

Mourão acrescentou que, na última reunião da Concertação Social, percebeu que o Governo pretendia levar o documento “tal como estava” ao Parlamento, exceto se a UGT aceitasse um acordo — algo que rejeitou.

“O Governo encostou a UGT à parede”, afirmou, sublinhando que foi essa postura que levou a central a decidir “que estava na altura de avançar para a rua”, antecipando uma forte adesão à greve.

O dirigente apontou ainda que a proposta governamental está a causar bloqueios na contratação coletiva, citando a EDP, que já terá invocado o anteprojeto do Governo como fundamento numa negociação, “como se fosse algo já assumido como uma lei”.

Mourão criticou o facto de o executivo ter definido linhas vermelhas, ao contrário do que prometera no arranque das negociações, e defendeu que, se o diálogo tivesse sido direto entre sindicatos e empregadores, poderiam ter surgido acordos bilaterais.

“O Governo deve ser um árbitro aqui na Concertação [Social], como é na OIT (Organização Internacional do Trabalho)”, advogou, embora reconhecendo que tal não é possível, porque o executivo é “um parceiro e, portanto, tem os seus interesses”.

O líder da UGT classificou a proposta apresentada pelo Governo como “inócua”, defendendo que algumas medidas — como as relativas ao outsourcing — são até “piores do que aquelas que estavam no documento inicial”. Entre as linhas vermelhas da central, destacou o Banco de Horas individual.

A greve geral de 11 de dezembro foi inicialmente convocada pela CGTP, através do secretário-geral Tiago Oliveira, durante a marcha nacional contra o pacote laboral, que mobilizou milhares de trabalhadores em Lisboa. A UGT acabou por se juntar ao protesto após aprovação unânime interna, incluindo o voto dos Trabalhadores Social-Democratas (TSD).

Será a primeira greve geral envolvendo simultaneamente as duas maiores centrais sindicais desde junho de 2013, quando Portugal estava sob intervenção da troika.

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