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As cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki foram completamente arrasadas no final da Segunda Guerra Mundial com as explosões das bombas atómicas.

A “Little Boy” (primeira bomba atómica lançada em Hiroshima) gerou uma onda de calor de 4.000 graus Celsius e libertou radiação que acabaria por matar dezenas de milhares de pessoas até ao final desse ano. Três dias depois, os EUA lançaram uma segunda bomba, de plutónio, sobre Nagasaki.

O Japão render-se-ia a 15 de agosto de 1945.

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As bombas são feitas de produtos químicos, urânio e plutónio — e uma pequena porção de cada um destes foi o suficiente para criar uma enorme onda radioativa, revela a BBC.

Numa fração de segundos, as ondas de calor e energia destruíram tudo o que estava no seu caminho, o que resultou na morte de mais de 200 mil pessoas.

A radiação das explosões na forma de neutrões e raios gama causaram problemas de saúde a longo prazo a quem conseguiu sobreviver.

As explosões ocorreram no ar, por cima das cidades, e os gases dispersaram-se pela atmosfera em vez de contaminar o chão. Contudo, as explosões acabaram por criar partículas secundárias e essas conseguiram atingir o solo.

Como prosperar depois das bombas? 

Tornar a cidade um lugar bonito e agradável para se viver foi o objetivo principal, tendo em conta o "respeito às pessoas que trabalharam arduamente na reconstrução de Hiroshima", afirmou Maiko Awane, do Gabinete de Promoção Turística do Governo da Província de Hiroshima à BBC. É por isso que, além dos muitos monumentos dedicados à paz, também se pode constatar que Hiroshima é uma cidade muito mais verde do que a média das cidades, com abundância de parques, jardins e passeios ribeirinhos.

O apoio de todo o Japão e do exterior, desde carros para colocar a cidade em funcionamento até árvores para substituir a vegetação desaparecida, foi essencial.

A cidade pós-bomba apresentava-se como um "terreno baldio carbonizado". De acordo com a BBC, as pessoas acreditavam, com base nas palavras de Harold Jacobsen, cientista do Projeto Manhattan, que nada cresceria ou viveria na cidade no período longo de 70 anos.

Mas o progresso da cidade mostrou o contrário. No outono de 1945, ervas começaram a crescer da "terra arrasada". No verão seguinte, oleandros cresceram.

O oleandro e a cânfora foram posteriormente proclamadas flor e árvore oficiais de Hiroshima, símbolos apreciados da resiliência da cidade, revela a BBC.

Hiroshima e Nagaski são hoje cidades movimentadas. Contudo, o custo da vida humana não foi esquecido.

A comparação com Chernobyl 

Embora hoje Hiroshima e Nagasaki sejam cidades modernas e vibrantes, a simples menção ao passado levanta dúvidas: será realmente seguro viver onde explodiram as primeiras bombas atómicas da história? A comparação com Chernobyl, por exemplo, é inevitável. Enquanto as duas cidades japonesas se reergueram e seguem com a vida quotidiana, a região ucraniana continua a ter áreas desabitadas e de acesso restrito devido ao risco latente de radiação.

Qual é a razão desse contraste?

A resposta está no tipo de reações que ocorreram em cada local, na quantidade de material envolvido e na forma como as explosões aconteceram.

No caso de Hiroshima e Nagasaki, as bombas resultaram de uma reação de fissão em cadeia rápida. "A bomba foi projetada para que a fissão ocorresse numa fração de segundo e em grande intensidade", explica John Luxat, especialista em segurança nuclear da Universidade MCMaster, no Canadá, à BBC Mundo. Assim, a enorme quantidade de energia foi libertada em milissegundos.

As bombas, que explodiram no ar, espalharam os resíduos radioativos na nuvem em forma de cogumelo criada pela detonação e, em Chernobyl, o material espalhou-se na superfície e penetrou o solo.

Apesar de ser o único país do mundo a ter sofrido ataques nucleares, o Japão não é signatário nem observador do Tratado da ONU para a Proibição de Armas Nucleares, embora continue a afirmar o seu compromisso com o desarmamento nuclear.

*Notícia atualizada às 10h12