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Após meses de promessas sobre uma revelação bombástica ligada a Jeffrey Epstein, o Departamento de Justiça dos EUA concluiu que não existe qualquer lista de clientes nem indícios credíveis de homicídio, contrariando anos de especulações da direita americana. O memorando revela que não foi encontrado qualquer material que justificasse investigações a terceiros não acusados, nem provas de chantagem a figuras públicas. Foram também divulgadas 10 horas de imagens de videovigilância, que mostram que ninguém entrou na cela de Epstein no dia da sua morte, considerada suicídio, explica a CNN internacional.
Durante uma reunião de gabinete, Donald Trump minimizou e desvalorizou totalmente a questão do caso Epstein. Quando um jornalista questionou a Procuradora-Geral Pam Bondi sobre o polémico memorando — que afirma que não há provas de lista de clientes nem de homicídio — Trump interveio, visivelmente irritado, dizendo: "Ainda estão a falar do Jeffrey Epstein? Esse tipo já foi falado durante anos." E continuou: "Temos o Texas, temos tudo isto a acontecer, e ainda estão a falar desse tipo? Desse nojento? É inacreditável."
Trump referia-se às inundações devastadoras no Texas, sugerindo que discutir Epstein naquele momento era desrespeitoso (“desecration”, no original). Tentou também desviar a atenção para as "grandes vitórias" da sua administração e para as tragédias que mereceriam mais atenção.
No entanto, esta postura de desprezo foi fortemente criticada por muitos dos seus próprios apoiantes, que têm alimentado teorias de conspiração sobre Epstein há anos. A base MAGA ficou frustrada com a falta de firmeza e transparência, algo que Trump prometera. Alguns ativistas e figuras da direita passaram mesmo a questionar a lealdade de Trump à verdade, sugerindo que poderia estar a ocultar informações comprometedoras — incluindo a possibilidade de o seu próprio nome aparecer nos documentos de Epstein.
Apesar da pressão, Trump recusou-se a aprofundar o assunto, optando por rejeitar a legitimidade da pergunta e criticar a sua pertinência num contexto de crise no país.
A resposta de Trump contrasta com as suas declarações anteriores, em que prometia divulgar todos os ficheiros relevantes sobre Epstein e outros casos controversos (como os assassinatos de JFK e MLK), como parte do seu discurso de transparência e luta contra o “deep state”.
O desfecho gerou uma onda de desilusão e fúria entre os apoiantes de Trump, especialmente os que há anos acreditam que Epstein mantinha uma rede de chantagem com políticos, empresários e celebridades. Elon Musk, ex-aliado de Trump, criticou duramente a decisão, insinuando que o ex-presidente esconde informações porque o seu nome aparece nos ficheiros de Epstein. Musk chegou mesmo a publicar (e apagar) vídeos antigos de Trump com Epstein e a usar sarcasmo nas redes: “Que horas são? Ah, é hora de mais ninguém ser preso.”
Pam Bondi, nomeada Procuradora-Geral no início do ano, também ficou no centro da controvérsia. Em fevereiro, afirmou num programa da Fox News que tinha uma “lista de clientes” na secretária. Agora, tentou esclarecer que se referia aos documentos no geral, incluindo registos de voos e outros papéis — e não a uma lista concreta de nomes. A explicação não convenceu muitos apoiantes, com ativistas como Laura Loomer a exigirem a sua demissão.
O Departamento de Justiça reiterou que, embora Epstein tenha prejudicado mais de mil vítimas, a prioridade agora é proteger as suas identidades e dados sensíveis, evitando alimentar teorias da conspiração infundadas. Segundo o FBI, o caso foi investigado exaustivamente, com agentes destacados da área de segurança nacional, e não há mais informações relevantes a divulgar.
Por fim, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, insistiu que a administração Trump manteve o compromisso com a transparência, mas que nem tudo pode ser tornado público, já que parte do material contém conteúdo altamente gráfico e pornografia infantil.
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