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A juíza Susana Seca, nesta quarta-feira, questionou o antigo primeiro-ministro, José Sócrates, sobre os contactos com a administração do grupo Lena e Sócrates reiterou que só conheceu pessoalmente os irmãos Barroca num jantar de campanha para as eleições legislativas de 2009, em Leiria, mas, ressalvou que os contactos após funções governativas não foram só para o grupo Lena.

Assim sendo, num desses contactos, segundo o jornal Público, Sócrates admitiu ter pedido ao vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, que recebesse responsáveis do grupo Lena, já depois de ter deixado de ser primeiro-ministro.

Segundo Sócrates, pediram para interceder junto de responsáveis políticos angolanos para serem recebidas por estes, o que diz ter feito com gosto, pois o grupo Lena estaria a fazer uma estrada em Angola, estando com dificuldades em receber os pagamentos e pediu-lhe para arranjar uma reunião com o Governo angolano.

“Fiz um telefonema ao vice-presidente de Angola, que era a pessoa que contactava mais, e pedi-lhe para os receber. Nessa conversa, disse-lhe que em causa estava uma reputada empresa portuguesa e que eram pessoas a quem devia atenções”, afirmou, percebendo-se, num aparte, que a conversa ficou registada nas escutas do processo. “Para o Ministério Público, foi quase confessar um acto de corrupção”, disse o antigo primeiro-ministro.

Depois de pedido mais esclarecimentos por parte do Ministério Público, Sócrates explicou que após o exercício de funções governativas promoveu alguns contactos com essa e outras empresas, sendo que o procurador pediu ainda mais explicações.

“Eu não quero invocar o princípio do atual primeiro-ministro, que se recusou a dar o nome das empresas com as quais trabalhava”, começou por responder. O antigo governante disse então que trabalhou com várias, principalmente ligadas à Venezuela, mas que "se o Ministério Público, à falta de melhor, se quiser dedicar a isto, eu trago na próxima sessão a lista das empresas”, ofereceu. “Vai então trazer?”, questionou a juíza. “Se a senhora juíza achar pertinente”, respondeu, acrescentando que teria de pedir autorização às respetivas entidades para o fazer.