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A família de Sandra Pla, uma mulher de 31 anos assassinada em Bordéus pelo ex-companheiro, vai recorrer a um tribunal em Paris para obrigar o Estado francês a justificar por que motivo não a protegeu, apesar das inúmeras queixas que apresentou, diz o The Guardian.

Entre janeiro e junho de 2021, depois de Pla ter terminado a relação, Mickaël Falou, de 40 anos, inundou-a com 317 mensagens de texto e 67 chamadas telefónicas. Além disso, passava quase diariamente à porta de sua casa, presença registada pela câmara de videovigilância instalada pelos pais da vítima. Apesar de três queixas formais apresentadas à polícia, os agentes alegaram que Falou se encontrava em espaço público e, por isso, não podia ser detido.

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A situação agravou-se ao longo dos meses. Desesperada, Sandra Pla enviou um apelo direto ao procurador da República, no qual escreveu “Temo o pior”. Mesmo assim, o pedido de ordem de proteção foi rejeitado.

Em abril de 2021, os serviços sociais recomendaram apenas que o agressor fosse sensibilizado para a gravidade do seu comportamento e sujeito a tratamento médico. No mês seguinte, o tribunal de família atribuiu a custódia da filha de quatro anos a Pla, concedendo a Falou apenas visitas supervisionadas de curta duração.

Finalmente, em junho, o ex-companheiro foi formalmente constituído arguido por assédio e sujeito a uma ordem de afastamento. Contudo, menos de 36 horas depois de ter sido ouvido e libertado, Falou escondeu-se durante mais de quatro horas num anexo junto à casa da vítima. Quando Pla regressava de deixar a filha na escola, foi atacada e esfaqueada cinquenta vezes.

Se é vítima de violência doméstica ou conhece alguém que seja, as seguintes linhas de apoio podem ajudar

APAV | Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

tel. 116 006 (telefonema gratuito, das 08h00 às 2h00)

Guarda Nacional Republicana (GNR)

A Plataforma SMS Segurança foi desenvolvida para dar resposta quer a pessoas surdas ou portadoras de deficiência auditiva como para situações de urgência em que o tradicional canal de voz não seja o mais adequado:  tel. 961 010 200

Centro de Saúde ou Hospital da zona de Residência (Portal da Saúde)

SNS 24 (808 24 24 24), disponível todos os dias, 24 horas por dia

Número Nacional de Socorro (112)

Linha Nacional de Emergência Social (tel. 144, disponível todos os dias, 24 horas por dia)

Linha da Segurança Social (tel. 300 502 502)

O homicida foi julgado em janeiro passado, condenado a 30 anos de prisão. Mas para a família de Sandra a condenação não chega. A mãe, Annie, e o padrasto, Gérard, que se tinham mudado de Espanha para viver com a filha nos últimos meses de vida dela, querem respostas.

A advogada da família, Elsa Crozatier, apresentou há 18 meses uma queixa formal contra o Estado francês, acusando-o de “falhas graves”. Até agora não obteve qualquer resposta. Na segunda-feira, Crozatier pedirá a um juiz que obrigue as autoridades a pronunciarem-se.