A foto de família em que posam lado a lado os 26 líderes participantes nesta cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCX, sigla que será de começar a fixar), no grande palco do imenso auditório de Tianjin, cidade portuária no nordeste da China, causa impacto. Estão ali os representantes de mais de um quarto da riqueza mundial e de um terço da população do planeta.

O presidente chinês, Xi Jinping, dá as boas-vindas aos outros nove membros da OCX (para além da China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Índia, Paquistão, Irão e Bielorrússia), aos dois observadores (Afeganistão e Mongólia), e aos 14 convidados para o diálogo (Arábia Saudita, Arménia, Azerbaijão, Barein, Camboja, Qatar, Egito, Emiratos Árabes Unidos, Kuwait, Maldivas, Mianmar, Nepal, Turquia e Sri Lanka) que, todos, certamente,  em futuro próximo, passarão a ser membros. Vários países isolados aspiram o peso político-diplomático, económico e até militar que ganham com a participação num bloco liderado pela China.

A Indonésia e a Tailândia são países que Xi Jinping desejaria ter nesta 25ª Cimeira da OCX, mas os líderes de Djacarta e Bangkok estão ausentes por tensões internas nos países deles.

Entre os convidados de Xi Jinping estão o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o secretário-geral da ASEAN, Kao Kim Hourn.

Xi Jinping, ao receber Guterres, quis mostrar-se um líder plenamente alinhado com o espírito das Nações Unidas: “A história ensina-nos que o multilateralismo, a solidariedade e a cooperação são o caminho certo para enfrentar os desafios globais.”

O presidente chinês dá privilégio no palco ao aliado russo Vladimir Putin e ao primeiro-ministro indiano Narendra Modi. Também nos lugares principais os presidentes do Irão e da Turquia, Masoud Pezeshkian e Recep Tayyip Erdogan. Este, com o significado de a Turquia ser um país da NATO, mas cujo presidente cultiva a ambiguidade nas alianças geopolíticas

Uma cimeira que para a China representa um ponto de viragem

Um objetivo principal nesta cimeira: demonstrar que, apesar das tarifas americanas e das tensões com o Ocidente, é possível outro modelo internacional. Um modelo de multilateralismo para combater o unilateralismo dos EUA. A Europa também é atirada para o lado dos maus porque um dos protagonistas da OCX, Putin, a coloca como instigadora da guerra que impede a “resolução da crise ucraniana”.

Xi Jinping está a deixar claro que esta cimeira de dois dias marca um ponto de viragem. Quer afirmar papel da China como líder global, que prega a estabilidade e é capaz de se relacionar com todos.

O discurso do líder chinês propõe um modelo de diálogo alternativo ao ocidental, com aprofundamento da segurança e da cooperação económica.

Esta cimeira de Tianjin mostra ao mundo Xi Jinping a pisar o acelerador da propaganda como líder de uma superpotência cada vez mais influente e poderosa a propor uma visão geopolíticas alternativa para o mundo, serve a Putin para evidenciar que apesar de alvo de mandado de captura pelo TPI se move pelo mundo (Trump já lhe tinha dado cobertura) e proporciona a aproximação por conveniência entre a Índia e a China – estes dois adversários colocados nos braços um do outro empurrados pela penalização tarifária de Trump a Nova Deli.

O indiano Modi é protagonista nesta cimeira porque está a virar costas a Trump. Modi procura parceiros políticos e económicos. Pode encontrá-los na China e na Rússia, mas provavelmente também está interessado na Europa, se Bruxelas e Londres quiserem cooperar na parceria com Nova Deli..

Esta cimeira em Tanjin tem um epílogo nesta quarta-feira em Pequim, com grande exibição do músculo e sofisticação tecnológica militar da China no desfile comemorativo do 80º aniversário da vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. A China celebra especialmente a vitória sobre o Japão. Embora só apenas alguns dos presentes em Tianjin viajem até à Praça Tiananmen, em Pequim, entre eles estarão Putin e vários outros convidados como o ditador norte-coreano Kim Jong Un, também um nada europeísta membro da União Europeia, o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico.

Assim se junta na China muito do mundo que não quer entrar no jogo de Trump e que desconfia da Europa,