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Depois de analisado o ocorrido, a deputada porta-voz da Comissão Europeia, Arianna Podesta, revelou aos jornalistas que as autoridades búlgaras suspeitam que a interferência foi deliberadamente causada pela Rússia: “Podemos, de facto, confirmar que houve interrupção do GPS, mas o avião aterrou em segurança na Bulgária. Recebemos informação das autoridades búlgaras de que suspeitam que se tratou de uma interferência deliberada da Rússia”.

Von der Leyen viajava num avião alugado pela Comissão Europeia, mas este tipo de bloqueio é comum e pode ser feito sem acesso ao dispositivo.

Casos de interferência na navegação na zona do Báltico até ao Mar Negro são frequentes desde o início da guerra na Ucrânia. Segundo a Reuters, no ano passado, a Estónia acusou a Rússia de interferir em dispositivos de navegação GPS no espaço aéreo dos Estados Bálticos e a Finnair foi obrigada a desviar dois voos de volta para Helsínquia depois de interferências de GPS terem impedido a aproximação a Tartu, no leste da Estónia.

Vários oficiais europeus consideram que a interferência no GPS é uma tática deliberada russa, integrada no arsenal de guerra híbrida de Moscovo, que combina ataques cibernéticos, campanhas de informação e sabotagem de infraestruturas críticas.

Na verdade, a Agência de Aviação Civil da Letónia revelou que a ICAO (Organização Internacional da Aviação Civil) já havia manifestado “sérias preocupações” com interferências de sinais GNSS provenientes da Rússia nesta zona, sendo a Estónia, a Letónia, a Lituânia, a Polónia, a Suécia e a Finlândia os países europeus mais afetados.

No entanto, ainda não tinha sido registado nenhum caso na Bulgária.

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Como é feita a interferência?

De acordo com a Reuters, o bloqueio do GPS acontece quando um dispositivo emite sinais numa frequência específica para interferir ou bloquear a comunicação por rádio, normalmente com sinais emitidos do solo mais fortes do que os enviados pelos satélites. Os sistemas de navegação também podem apresentar dados de localização falsos, estando, nesse caso, perante um ataque de spoofing.

A falsificação de sistemas de navegação por satélite, como o GPS, podem afetar aeronaves militares, armas e drones, mas também causar problemas a aviões comerciais e civis.

Se o sistema GPS deixar de funcionar, pode ser necessário desligá-lo durante o voo, o que provoca stress e atrasos nas descolagens e aterragens, uma vez que muitos procedimentos dependem do GPS.

Apesar disso, os principais aeroportos têm à disposição vários sistemas de navegação alternativos, que permitem orientar as aeronaves com segurança mesmo quando algo falha, e um piloto profissional deve saber guiar-se pelos recursos analógicos à disposição.

O Kremlin nega as acusações

Quandoquestionada, a Rússia negou qualquer envolvimento na falha do sistema de navegação do avião onde viajava a presidente da Comissão Europeia.

“As suas informações estão incorretas”, respondeu o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ao jornal britânico The Financial Times.

O governo búlgaro confirmou ainda que o sinal do satélite que alimenta o GPS da aeronave foi neutralizado, e que os controladores aéreos recorreram a sistemas de navegação terrestres para garantir uma aterragem segura.

Um estratégia mais segura para a UE

Von der Leyen encontrava-se na Bulgária durante uma visita aos Estados-membros da UE mais próximos da Rússia e da Bielorrússia, onde pôde constatar de perto as ameaças quotidianas provenientes de Moscovo e dos seus aliados.

Em comunicado, a representante da Comissão Europeia defendeu que o incidente reforça o compromisso da UE em aumentar capacidades de defesa e apoiar a Ucrânia.

Também o comissário europeu da Defesa, Andrius Kubilius, avançou que o bloco, com 27 países, aumentará o número de satélites em órbita baixa para melhorar a deteção de interferências, em reação ao sucedido. “Após este incidente, a UE continuará a investir em despesas de defesa e na prontidão da Europa”, reforçou o porta-voz da Comissão.