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O agressor está detido na esquadra do Funchal e será presente a juiz esta quarta-feira. A vítima, entretanto hospitalizada, encontra-se agora em casa de familiares sob proteção policial.

A corporação a que pertence o bombeiro condenou o caso e anunciou medidas disciplinares. “O Comando dos Bombeiros Municipais de Machico vem por este meio apresentar a sua profunda consternação para com a notícia que circula nos meios de comunicação, envolvendo um elemento da corporação, e que entende ser um ato completamente reprovável”, pode ler-se na página de Facebook.

Se desta vez há um vídeo que põe a nu a violência exercida no quadro de uma família com presença de menores, a maioria das vezes não é assim. E este não é um caso isolado, veja-se que quase um terço dos 26.517 casos de violência doméstica registados em 2021 foram presenciados por menores, num ano em que a PSP e GNR receberam, em média, três queixas por hora, revela o relatório anual de monitorização desse ano.

Em 2024, a PSP e a GNR receberam 30.086 queixas de violência doméstica, praticamente o mesmo que em 2023, registando-se uma ligeira descida de 0,6%. Nesse ano, 22 pessoas foram mortas neste contexto (19 mulheres e três homens), o mesmo número do ano anterior.

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Foram ainda contabilizados 5.402 presos por violência doméstica, mais 3,2% do que em 2023, e 10.696 agressores integrados em programas de prevenção, um aumento de 7,7%.

A teleassistência chegou a 21.608 pessoas e 5.628 vítimas foram acolhidas na Rede Nacional de Apoio, número ligeiramente inferior ao do ano anterior.

Aumento das queixas?

A violência doméstica e a ofensa à integridade física voluntária simples são os tipos de crimes com maior número de participações registadas. Enquanto a ofensa à integridade física voluntária simples subiu ligeiramente (1,1%), a violência doméstica registou uma pequena diminuição, tal como em 2023, de 0,8%.

Se é vítima de violência doméstica ou conhece alguém que seja, as seguintes linhas de apoio podem ajudar

APAV | Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

tel. 116 006 (telefonema gratuito, das 08h00 às 2h00)

Guarda Nacional Republicana (GNR)

A Plataforma SMS Segurança foi desenvolvida para dar resposta quer a pessoas surdas ou portadoras de deficiência auditiva como para situações de urgência em que o tradicional canal de voz não seja o mais adequado:  tel. 961 010 200

Centro de Saúde ou Hospital da zona de Residência (Portal da Saúde)

SNS 24 (808 24 24 24), disponível todos os dias, 24 horas por dia

Número Nacional de Socorro (112)

Linha Nacional de Emergência Social (tel. 144, disponível todos os dias, 24 horas por dia)

Linha da Segurança Social (tel. 300 502 502)

"No entanto, continua a apresentar índices de participação muito elevados (30.221), tendo-se registado um aumento na violência contra menores (+7,2%). O crime de violência doméstica contra cônjuge ou análogo continua a ser aquele em que se observa o maior número de registos entre toda a criminalidade participada (25.919)", lê-se no RASI.

O que estamos a fazer mal?

O Grupo de Peritos do Conselho da Europa sobre a implementação da Convenção de Istambul (GREVIO) elogiou os progressos de Portugal no combate à violência contra as mulheres, mas identificou falhas importantes.

No relatório divulgado, os peritos alertam para as “sanções brandas e desproporcionadas” aplicadas pelos tribunais em casos de violência doméstica e sexual e pedem formação obrigatória para juízes e magistrados, de modo a combater práticas marcadas por atitudes patriarcais que, por vezes, privilegiam a unidade familiar em detrimento da proteção das vítimas.

O GREVIO recomenda ainda:

  • a criação de uma linha nacional 24h dedicada a mulheres vítimas de todas as formas de violência;
  • o aumento das vagas em casas de abrigo e a eliminação da exigência de denúncia como condição de acesso;
  • a supressão do prazo de seis a 12 meses para a denúncia de violação;
  • a revisão urgente dos mecanismos de ordens de proteção, que atualmente demoram até 48 horas.

Apesar destas lacunas, os peritos reconhecem reformas relevantes no direito penal (como a definição de violação baseada no consentimento), os avanços na saúde, com equipas de prevenção em todos os hospitais e centros de saúde, e os esforços de sensibilização contra a mutilação genital feminina.