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A cerimónia, que aconteceu este domingo no State Farm Stadium, em Glendale, Arizona, transformou-se num acontecimento político-religioso de grande escala, diz a CNN. O evento, preparado para receber centenas de milhares de pessoas, acabou por atingir rapidamente a lotação do estádio, obrigando as autoridades a encaminhar muitos dos presentes para zonas de transbordo.
A Desert Diamond Arena serviu também como espaço extra para o evento, disse um porta-voz do Departamento de Polícia de Glendale à CNN.
Desde as primeiras horas da manhã que longas filas se formaram em redor do recinto do State Farm Stadium. Muitos admiradores de Kirk chegaram de madrugada, determinados em garantir um lugar dentro do estádio.
Pamela Milton, vinda da Califórnia, contou ter aguardado três horas para entrar, explicando que quis marcar presença “para honrar a vida e o legado de Charlie”. Outro participante, Clifford Craig, descreveu a morte do ativista como “perder um irmão” e disse esperar que o memorial inspire “unidade e esperança”.
O ambiente no interior foi comparado por jornalistas presentes ao de uma megacapela, com música de adoração, braços erguidos e hinos cristãos entoados em uníssono. Jovens em especial marcaram presença em peso, atraídos pela fé de Kirk e pela forma como, segundo testemunhos, procurava “criar pontes de diálogo mesmo com quem pensava de forma diferente”. Muitos exibiam cartazes com frases como “Never Surrender” ou “This is our turning point”, distribuídos pela organização Turning Point USA.
A cerimónia, sob o lema “Building a Legacy, Remembering Charlie Kirk”, não foi apenas uma despedida emotiva. A própria Turning Point aproveitou a ocasião para prosseguir o trabalho político: voluntários circularam pelas bancadas com pranchetas para registar novos eleitores e foram distribuídos panfletos a promover a conferência anual “America Fest 2025”. A ligação estreita de Kirk à política conservadora americana ficou patente em todos os momentos.
De recordar que o evento recebeu a classificação SEAR-1, que corresponde ao mais alto nível de segurança nos Estados Unidos. O púlpito foi protegido por vidro balístico, e várias barreiras e pontos de controlo foram montados no interior e no exterior do estádio. Apesar da mobilização policial, as autoridades garantiram não existir nenhuma ameaça credível.
Testemunhos recordam alguém que "morreu como viveu, a dizer a verdade"
O secretário da Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., destacou a fé e a dedicação de Kirk, chegando mesmo a estabelecer um paralelo com a vida de Jesus Cristo. “Cristo morreu aos 33 anos, mas mudou a trajetória da História. Charlie morreu aos 31 anos porque tinha entregue a sua vida. Ele também mudou a trajetória da História”, afirmou Kennedy Jr., emocionado, perante uma multidão atenta.
Donald Trump Jr., amigo próximo de Kirk, subiu igualmente ao palco para recordar os muitos momentos partilhados com o ativista. Ambos participaram em eventos da organização Turning Point USA e em viagens, incluindo uma deslocação à Gronelândia em janeiro passado, motivada pelo interesse do ex-presidente Donald Trump em reforçar a presença norte-americana naquele território autónomo da Dinamarca.
O secretário da Defesa, Pete Hegseth, descreveu Kirk como “um guerreiro pelo país e por Cristo”, acrescentando que “morreu como viveu, a dizer a verdade”. Sublinhou ainda que Kirk sonhara em frequentar a academia militar de West Point, algo que nunca se concretizou, mas que, segundo Hegseth, representou um ganho para a nação, ao canalizar a sua energia para a militância política e social.
O tom da cerimónia oscilou entre mensagens combativas e reflexões emocionadas. Kevin Liptak, correspondente da CNN no local, relatou que o público reagiu com entusiasmo às palavras mais inflamadas de Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca, que prometeu combater os “inimigos” e vencer as “forças do mal”. Em contraste, Susie Wiles, chefe de gabinete da Casa Branca, ofereceu uma recordação mais intimista e emocionada, descrevendo Kirk como uma peça fundamental na mobilização da juventude conservadora durante as eleições de 2024.
Também o secretário de Estado, Marco Rubio, classificou o assassinato de Kirk como “um atentado político, mas também uma perda familiar”. Rubio revelou que o Departamento de Estado está a negar vistos a pessoas que tenham celebrado publicamente a morte do ativista, ainda que a base legal dessa medida permaneça incerta.
Andrew Kolvet, porta-voz da Turning Point USA, destacou o impacto do líder no seio da organização e a forma como o seu desaparecimento está a galvanizar novos apoiantes. “Charlie dizia aos jovens para fazerem parte de algo maior do que eles próprios. Agora vemos milhares a querer seguir esse caminho”, afirmou. Sublinhou ainda o papel de Erika Kirk, viúva do ativista, como “pilar de força e apoio” numa vida marcada por constantes ameaças.
Sergio Gor, responsável pela seleção de pessoal presidencial e nomeado recentemente para embaixador da Índia, descreveu Kirk como um “guerreiro MAGA”, sempre alinhado com as prioridades de Donald Trump. Recordou a viagem à Gronelândia, em que Kirk, apesar de ter caído na neve, se levantou sorridente e prosseguiu o percurso. “Charlie nunca recuava. Ele encarnava o espírito do movimento”, declarou.
"Os gritos desta viúva ecoarão pelo mundo como um grito de batalha"
A entrada da viúva de Charlie Kirk, Erika Kirk, foi recebida com uma ovação de pé e aplausos entusiásticos, num ambiente que muitos descreveram como o ponto alto da cerimónia. De braços abertos e olhar erguido, Erika foi acolhida como a nova referência de um movimento que não pretende abrandar após a perda do seu líder.
Casada com Charlie desde 2021, com quem teve dois filhos, Erika não escondeu a dor pela perda de um marido e pai dedicado. Contudo, deixou claro que pretende honrar o legado do companheiro, assumindo funções de CEO e presidente do conselho de administração da Turning Point USA, a organização que o falecido cofundou e transformou numa força política relevante. Numa comunicação interna por videoconferência, poucos dias após a morte, já tinha assegurado aos mais de 1.500 funcionários da instituição que o trabalho iria prosseguir com firmeza.
No seu discurso, recordou uma promessa feita: “Os gritos desta viúva ecoarão pelo mundo como um grito de batalha. Vou transformar a Turning Point na maior força que esta nação alguma vez conheceu.” A sua determinação foi interpretada como um sinal de mobilização, sobretudo para jovens mulheres conservadoras, que veem em Erika um exemplo de continuidade e resiliência.
Erika Kirk encerrou a sua intervenção reafirmando que a família, a fé e a missão política de Charlie permanecerão no centro do caminho que agora lidera.
JD Vance: "Eu não seria vice-presidente dos Estados Unidos se não fosse Charlie Kirk"
A cerimónia contou também com a intervenção do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, amigo próximo de Kirk, que afirmou que o encontro não devia ser visto como um funeral, mas como um “avivamento” da fé e do movimento que Kirk ajudou a construir.
“O assassino esperava que estivéssemos hoje aqui para chorar, mas em vez disso celebramos Charlie e o seu Senhor, Jesus Cristo”, declarou, arrancando prolongados aplausos.
O vice-presidente destacou ainda a ligação pessoal que mantinha com Kirk, recordando que foi um dos primeiros a apoiá-lo politicamente e confessando: “Eu não seria vice-presidente dos Estados Unidos se não fosse Charlie Kirk.”
Vance frisou que foi o próprio quem informou Donald Trump da morte do ativista e evocou a amizade que se prolongava muito para além da esfera pública, com trocas de mensagens e conversas regulares sobre política e vida pessoal.
Trump encerra memorial de Charlie Kirk
A intervenção de Donald Trump marcou o desfecho do memorial de Charlie Kirk, realizado no State Farm Stadium, em Glendale, Arizona, perante dezenas de milhares de pessoas. O presidente norte-americano, último orador da cerimónia, discursou durante largos minutos, misturando recordações pessoais, reflexões políticas e até uma promessa de anúncio governamental.
Trump descreveu Kirk como “um missionário de espírito nobre e com um grande propósito”, elogiando o seu papel na mobilização do eleitorado jovem e recordando a proximidade pessoal que mantinha com ele. Segundo a CNN, o presidente considerava o ativista parte da sua “família alargada” e recebeu a notícia do seu assassínio com “choque e horror”.
Apesar dos elogios, Trump assumiu uma diferença fundamental em relação ao falecido aliado: a forma de lidar com adversários políticos. “Charlie não odiava os seus opositores. Queria o melhor para eles. Eu discordava dele nisso: eu odeio os meus adversários. E não quero o melhor para eles”, declarou, arrancando uma reação mista da plateia. Dirigindo-se a Erika Kirk, viúva do ativista, acrescentou: “Talvez consiga convencer-me do contrário, mas não está no meu ADN.”
O discurso incluiu ainda um desvio inesperado, quando Trump decidiu antecipar parte de um anúncio que pretende fazer na Casa Branca na segunda-feira, relacionado com o autismo. Sem revelar detalhes, afirmou acreditar que a sua administração encontrou “uma resposta para o autismo” e prometeu que a conferência de imprensa será “uma das mais importantes” da sua carreira política. “Não vamos deixar que isto continue a acontecer”, garantiu, recebendo aplausos respeitosos do público.
Antes da intervenção do presidente, Lee Greenwood interpretou ao vivo “God Bless the USA”, a canção que habitualmente acompanha a entrada de Trump em eventos públicos. O gesto foi recebido com entusiasmo pelos presentes, que se levantaram para acompanhar a performance.
Ao longo da tarde, a presença do presidente foi acompanhada por fortes medidas de segurança, incluindo helicópteros das forças da ordem a sobrevoar a área. O regresso dos aparelhos ao céu de Glendale, observado no final da cerimónia, foi interpretado como preparação para a partida da comitiva presidencial.
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