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O empresário bilionário Ong Beng Seng, figura central no escândalo de corrupção que abalou Singapura no último ano, declarou-se culpado de ter participado na obstrução da justiça, ao ajudar o antigo ministro dos Transportes, Subramaniam Iswaran, a encobrir provas durante uma investigação.
O caso gira em torno de ofertas de luxo feitas por Ong Beng Seng ao ex-ministro, incluindo uma viagem com todas as despesas pagas e deslocações de jato privado, enquanto ambos mantinham relações profissionais. A lei em Singapura exige que os ministros declarem os presentes recebidos e que paguem ao Estado o valor de mercado dos mesmos.
A sentença do empresário será conhecida no dia 15 de agosto, avança a BBC.
Inicialmente, Ong Beng Seng enfrentava uma pena máxima de sete anos de prisão, mas, devido ao seu estado de saúde frágil, uma vez que sofre de um tipo raro de cancro na medula óssea, o Ministério Público e a defesa acordaram que deverá ser aplicada apenas uma multa. A procuradoria apelou mesmo à aplicação de “misericórdia judicial”.
Segundo a acusação, embora o empresário tenha desempenhado um papel relevante na tentativa de Subramaniam Iswaran de apagar os seus rastos, o ex-ministro terá tido uma responsabilidade superior. Já os advogados de defesa argumentam que Ong Beng Seng apenas seguiu um plano elaborado pelo ex-membro do governo.
O tribunal ouviu que, em 2022, o empresário convidou o ex-ministro para uma viagem ao Qatar, oferecendo-se para cobrir as despesas, incluindo hotel e jato privado. Posteriormente, já durante a investigação, Subramaniam Iswaran terá solicitado que a empresa de Ong Beng Seng cobrasse por parte dessa viagem — um voo comercial de regresso a Singapura — para tentar justificar os custos.
As autoridades revelaram que o ex-ministro recebeu, no total, mais de 400 mil dólares singapurenses (cerca de 269 mil euros) em benefícios, entre voos, estadias, espectáculos e bilhetes para Grandes Prémios.
Ong Beng Seng, de 79 anos, é uma das figuras mais conhecidas do setor hoteleiro e imobiliário em Singapura.
Nascido na Malásia em 1946, fundou nos anos 80 a empresa Hotel Properties Limited (HPL), que detém marcas como a Four Seasons e Marriott. Foi também ele quem ajudou a trazer o Grande Prémio de Fórmula 1 para Singapura. Em abril, a HPL anunciou que Ong Beng Seng deixaria o cargo de diretor executivo para se dedicar ao tratamento da sua condição médica.
Em Singapura, os políticos estão entre os mais bem pagos do mundo, com o governo a justificar os salários elevados como forma de dissuadir a corrupção.
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