
Em 2023, foram realizadas cerca de 1730 cirurgias com o sistema robótico da Vinci, face às 1382 registadas no ano anterior.
Fernando Martelo, diretor do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital da Luz, sublinha a importância da precisão milimétrica proporcionada por esta tecnologia, que permite intervenções complexas com maior segurança e melhor preservação do tecido pulmonar.
“No tratamento cirúrgico do cancro do pulmão é crucial efetuar disseções o mais completas possível, o que é determinante para um bom resultado na sobrevivência dos doentes”, explica.
Até junho deste ano, foram realizadas 224 cirurgias torácicas robóticas, das quais cerca de 83% dirigidas a doentes com cancro do pulmão. Fernando Martelo destaca ainda que esta abordagem, minimamente invasiva, tem permitido tratar com sucesso doentes com várias neoplasias ao longo da vida, através de cirurgias segmentares sucessivas.
O especialista aponta taxas de sobrevivência de 96,2% ao fim de um ano, 92,4% aos três anos e 87,2% aos cinco anos, com a maioria dos doentes diagnosticados em estadio I da doença.
Estes dados reforçam os apelos da comunidade médica e científica à implementação de programas de rastreio do cancro do pulmão. A deteção precoce permitirá identificar mais nódulos pulmonares e aumentar o número de doentes com indicação para cirurgia robótica em estados iniciais, contribuindo para a redução da mortalidade.
De acordo com o IARC – Global Cancer Observatory, o cancro do pulmão continua a ser a principal causa de morte por cancro a nível mundial, com 1,8 milhões de óbitos em 2022. As previsões para 2050 indicam que o número de novos casos poderá quase duplicar, atingindo os 4,6 milhões.
Em Portugal, o ano de 2023 registou cerca de 4.490 mortes por cancro do pulmão, o número mais elevado das últimas duas décadas. Embora o tabagismo se mantenha como o principal fator de risco, estima-se que um em cada quatro casos ocorra atualmente em pessoas que nunca fumaram.
A alteração do perfil dos doentes tem sido associada a fatores como a exposição prolongada a partículas finas e à poluição atmosférica, sobretudo em mulheres e pessoas que vivem em ambientes urbanos.
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