O ex-presidente Donald Trump anunciou novas ameaças de tarifas alfandegárias, propondo taxas de 30% sobre produtos da União Europeia e do México, dois dos principais parceiros comerciais dos EUA. Estas tarifas poderão entrar em vigor a 1 de agosto, caso não sejam firmados acordos comerciais ou adotadas medidas que levem Trump a recuar.

Esta medida vem no seguimento de políticas semelhantes do seu primeiro mandato, em que impôs tarifas de 10%, 25% ou mais sobre produtos de vários países. Trump afirma que estas tarifas punem os exportadores estrangeiros, mas na prática são os importadores norte-americanos que as pagam, e muitas vezes acabam por repassar os custos aos consumidores, alerta a CNN internacional.

Embora o impacto nas prateleiras possa demorar, muitos importadores acabam por repassar os custos aos consumidores. Entre os bens que poderão encarecer estão frutas e legumes (como abacates e tomates) importados do México, equipamentos médicos da UE, eletrónica (incluindo computadores e equipamentos de áudio e vídeo) principalmente vindos do México, e bebidas alcoólicas. A UE poderá retaliar, taxando o álcool americano, o que preocupa o setor nos EUA. Estas tarifas somam-se a outras já impostas por Trump, como as taxas de 25% sobre automóveis europeus e até 50% sobre aço e alumínio.

Segundo um porta-voz da Casa Branca, os custos das tarifas serão suportados pelos exportadores estrangeiros, que dependem do acesso ao mercado americano, descrito como “o maior e melhor do mundo”. No entanto, os importadores pagam as tarifas à cabeça, e embora possam absorver parte do custo, muitas vezes repassam-no aos consumidores, traduzindo-se em preços mais altos.

Como resultado pode estar ainda em cima da mesa para os americanos pressões na inflação, embora os efeitos não sejam imediatos. E, claro, a UE e o México poderão responder com medidas retaliatórias, agravando tensões comerciais e afetando cadeias de abastecimento globais. Embora as medidas sejam populares junto da base eleitoral de Trump, são criticadas por economistas e associações comerciais.

Quais os produtos mais afetados?

Produtos agrícolas e frescos (México)

  • Os EUA importaram 46 mil milhões de dólares em produtos agrícolas do México em 2023.

  • Entre esses, destacam-se:

    • 8,3 mil milhões em legumes frescos

    • 9 mil milhões em frutas frescas (dos quais 3,1 mil milhões são só abacates)

  • Acordos específicos como o que isentava tomates mexicanos expiraram, o que já começou a aumentar os preços.

Equipamento médico e cirúrgico (UE)

  • A UE exportou 16 mil milhões de dólares destes produtos para os EUA no último ano.

  • Com a nova tarifa de 30%, hospitais e clínicas nos EUA poderão ver os custos aumentar, o que pode afetar os utentes no final da cadeia.

Eletrónica (México)

  • O México é agora o principal fornecedor estrangeiro de eletrónica dos EUA, depois de a relação com a China ter arrefecido.

    • 49 mil milhões em computadores

    • 20 mil milhões em equipamento elétrico

    • 13 mil milhões em áudio e vídeo

  • Com as novas tarifas, muitos destes bens ficarão mais caros para o consumidor americano.

Bebidas alcoólicas (UE e México)

  • Ambos exportaram mais de 11 mil milhões de dólares em cerveja, vinho e bebidas espirituosas para os EUA.

  • A UE já sinalizou que retaliará com aumento de tarifas sobre bebidas alcoólicas americanas, o que preocupa o setor norte-americano (marcas como Bacardi, Brown-Forman ou Constellation Brands).