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A ameaça consta de uma carta enviada directamente ao presidente Lula e divulgada na rede social Truth Social. Trump critica duramente o processo judicial contra Bolsonaro, classificando-o como uma “caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE”.
Bolsonaro, que sempre foi muito próximo de Trump, enfrenta acusações graves relacionadas com uma alegada tentativa de golpe de Estado. O processo poderá levar à sua inabilitação política e eventuais penas criminais. Trump considera o julgamento como uma perseguição política e deixou claro que haverá consequências económicas caso este prossiga.
Em resposta, o Presidente Lula afirmou que o Brasil “é uma nação soberana com instituições independentes” e garantiu que “não aceitará qualquer forma de tutela externa”. Através de uma publicação na rede X, Lula avisou que qualquer medida unilateral que agrave tarifas sobre produtos brasileiros será devidamente respondida ao abrigo da Lei de Retaliação Económica do país.
“Não vamos tolerar pressões que pretendam interferir na justiça brasileira ou na soberania das nossas decisões políticas e institucionais”, acrescentou o chefe de Estado.
Assim, o governo do Brasil acabou por devolveu a carta, por a considerar "ofensiva" e conter "mentiras", refere o Expresso.
Ameaça sem precedentes num contexto comercial delicado
O Brasil é o primeiro país a prometer retaliações diretas após receber uma carta tarifária de Trump, num contexto em que os EUA têm estado a renegociar múltiplos acordos comerciais desde abril, mês em que o presidente norte-americano anunciou a reintrodução de tarifas “recíprocas” sobre importações.
Segundo dados do Departamento de Comércio dos EUA, citados pela CNN, o Brasil registou um défice comercial de 6,8 mil milhões de dólares com os EUA em 2024, o que significa que comprou mais aos norte-americanos do que vendeu. Os principais produtos exportados dos EUA para o Brasil incluem aeronaves, combustíveis, maquinaria industrial e equipamentos eléctricos, sectores que poderão ser fortemente afectados caso o Brasil aplique tarifas retaliatórias.
Desde abril, os produtos brasileiros estão já sujeitos a uma tarifa mínima de 10% no mercado americano. A nova ameaça eleva esse valor para 50%, uma subida drástica com potencial para prejudicar gravemente as exportações brasileiras.
Outros países também visados
O Brasil não está sozinho. Esta semana, Trump enviou cartas semelhantes a 22 países, incluindo Filipinas, Sri Lanka, Moldávia, Brunei, Argélia, Líbia e Iraque. As tarifas propostas vão até aos 30%, dependendo do país e da balança comercial. Trump justifica estas medidas com o objectivo de corrigir défices comerciais e remover barreiras que dificultam o acesso de produtos norte-americanos a mercados estrangeiros.
Curiosamente, o tom da carta enviada ao Brasil foi mais político do que económico. Ao contrário das restantes mensagens, que focam desequilíbrios comerciais, a dirigida a Lula centra-se quase exclusivamente na questão do julgamento de Bolsonaro.
“Produzam nos EUA”
Apesar da ameaça, Trump deixou aberta uma possibilidade de isenção: “Não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas brasileiras, decidirem produzir ou fabricar os seus produtos nos Estados Unidos.” Trata-se de uma proposta que Trump tem repetido a vários líderes estrangeiros, incentivando a deslocalização de cadeias de produção para território norte-americano.
Caso os países retaliem com aumentos tarifários sobre produtos dos EUA, Trump prometeu responder com ainda mais taxas sobre as exportações desses países para os EUA.
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