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As protagonistas desta história são a irmã Bernadette, de 88 anos, a irmã Regina, de 86, e a irmã Rita, de 82, as últimas religiosas do convento Kloster Goldenstein, em Elsbethen, nos arredores de Salzburgo. As três afirmam que foram retiradas do convento “contra a sua vontade” em dezembro de 2023.
Em setembro, regressaram ao edifício com a ajuda de antigos alunos e até de um serralheiro — um gesto que enfureceu os responsáveis da Igreja. O seu superior, o provedor Markus Grasl, do mosteiro de Reichersberg, descreveu a decisão das freiras como “completamente incompreensível”, insistindo para que voltassem ao lar católico onde estavam instaladas.
A história rapidamente se tornou viral. Antigos alunos garantiram apoio logístico: comida, eletricidade e até a gestão das redes sociais, onde passaram a publicar vídeos do quotidiano das religiosas. Entre as publicações mais populares figuram momentos de oração, refeições e até os treinos de exercício físico da irmã Rita, recentemente presenteada com um par de luvas de boxe.
O trio acumulou quase 100 mil seguidores no Instagram e vários milhares no Facebook — um sucesso inesperado que as autoridades eclesiásticas querem travar.
Após quase três meses de impasse, um porta-voz do provedor, Harald Schiffl, afirmou à agência APA que as freiras podem permanecer no convento “até nova indicação”. A decisão surge depois de uma reunião onde foi apresentada uma proposta de compromisso.
Segundo Harald Schiffl, “as freiras podem ficar no Kloster Goldenstein, mas apenas sob determinadas condições” — a principal delas sendo o abandono total das redes sociais. A Igreja quer ainda garantir que as áreas de clausura não voltarão a receber pessoas externas à ordem. Em troca, as religiosas terão direito a cuidados médicos e acompanhamento espiritual.
As três freiras ainda não aceitaram as condições. “Agora depende das irmãs”, disse Schiffl à APA.
As freiras passaram grande parte das suas vidas em Schloss Goldenstein, um castelo que funciona como convento e escola desde 1877. A irmã Bernadette chegou ali como estudante em 1948 — numa turma onde estava também a célebre atriz austríaca Romy Schneider. A irmã Regina ingressou no convento em 1958 e a irmã Rita em 1962. Posteriormente, todas trabalharam como professoras na escola, sendo que Regina chegou a diretora.
Com o passar dos anos, a comunidade foi diminuindo. Em 2022, o edifício passou para a tutela da Arquidiocese de Salzburgo e do mosteiro de Reichersberg. A comunidade religiosa foi oficialmente dissolvida no início de 2024 e as freiras receberam direito vitalício de residência, desde que a saúde o permitisse.
Mas, em dezembro de 2023, foi decidido transferi-las para um lar católico — onde, segundo contaram à BBC, se sentiram profundamente infelizes. Por isso, no início de setembro, regressaram ao convento com o apoio de antigos alunos. E garantiram, desde o início, que não iriam abdicar do lugar que consideram casa.
Como disse a irmã Bernadette numa entrevista: “Antes de morrer naquele lar de idosos, preferia ir para um prado e entrar na eternidade dessa forma”.
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