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Todos os seis partidos que se juntam ao PSOE para sustentar o governo das esquerdas em Espanha extremam a pressão e exigem medidas que não sejam palavras de adorno para combater a corrupção e o machismo. Mas, por agora, não rompem a parceria, sobretudo porque sabem que a alternativa é um governo do PP, cenário que para eles é o diabo.

Yolanda Diaz, líder do SUMAR, o partido à esquerda que participa no governo juntamente com o PSOE, no dia em que vai sepultar o pai, Suso Diaz, histórico líder sindical galego, traduziu o que pensam os partidos que viabilizam o governo das esquerdas: “Subo hoje a esta tribuna em nome do meu pai, que nunca quis um governo das direitas em Espanha”.

Sánchez continua a liderar o governo mas ainda mais pressionado, agora também pelos parceiros, que lhe exigem ação para que não continue tudo na mesma.

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Sánchez anunciou um pacote de 15 medidas contra a corrupção. Mas os partidos sócios no apoio à governação exigem controlo implacável dos dinheiros públicos”. Querem ação visível, forte.

O republicano catalão Gabriel Rufián (ERC, esquerda independentista catalã) avisou: “Se isto voltar a escalar, vamos obrigá-lo a entregar a decisão às pessoas”. Ou seja: a ameaça de forçar eleições.

Os partidos que estão há sete anos a viabilizar o governo Sánchez temem ser muito castigados em próximas eleições por este apoio.

A nacionalista basca Maribel Vaquero (PNV, centrista) avisou que “governo não pode continuar a funcionar em agonia diária, simplesmente à custa do argumento do medo [da direita”]. Deixou no ar um “penultimatum”: “Ou consegue rearmar o governo” ou o cenário terá de ser o de eleições antecipadas.

O governo de Pedro Sánchez sobrevive com maioria absoluta mínima resultante do apoio de sete partidos. Dois estão no governo, são o PSOE, de Sánchez, e o SUMAR, este representa a esquerda que coopera com os socialistas mas com exigência máxima. Outro parceiro é o Podemos, partido que há uma década irrompia como um dos grandes no quadro político espanhol, mas que entretanto minguou para mínimos – mas conta.  Os outros partidos que sustentam o governo das esquerdas são os nacionalistas com aspiração independentistas: ERC e Junts (do exilado Puigdemont), da Catalunha e PNV e Bildu, no País Basco.

Alberto Nuñez Feijóo, líder do PP, em fase de euforia por conjeturar que a governação de Espanha está a ficar-lhe quase ao alcance da mão, tenta que um dos sócios do PSOE rompa a maioria das esquerdas com nacionalistas. Vai tentando os bascos do PNV e os catalães do Junts.  Reconhece que “tem ganas, mas ainda não tem votos”.

Para Feijóo, negociar com o Junts de Puigdemont é um risco que não pode correr. Porque é um partido independentista catalão, com líder fugido à justiça, a viver na Bélgica.

Com o PNV o PP pode conseguir pontes. Mas o PNV precisa do PSE para governar com estabilidade no País Basco.

É assim que o governo de Pedro Sánchez vai continuar, embora com ameaça de a prazo. De facto, tem sido assim a longo de quase toda a legislatura, só que agora a pressão dos sócios subiu de tom. Todos estão a calibrar a pressão que vai ser contínua sobre Sánchez.

Os socialistas, com Sánchez à cabeça e depois de pôr os suspeitos e os inconvenientes fora do partido, propõem-se agir para recuperar a confiança perdida. Resta saber se ainda é possível essa “remontada . Parece muito difícil.

A Feijóo, depois da aclamação no congresso partidário em que se afastou dos ultras do VOX, com assumida intenção de conquistar o centro, resta esperar.