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A empresa foi resultado de uma sociedade entre a Abril, a maior publicadora de títulos no Brasil e a Controljornal. Nem o Expresso, nem a SIC faziam parte do grupo. Começou com a Exame, acho eu, e juntou a Activa, a Caras, a Executive Digest, a Motor e mais não sei quantas. Posteriormente, com a saída da Abril, associou-se com a Publishing, mudou o nome para Impresa e incluiu o semanário e a Visão.

Pinto Balsemão, formado em Direito, sempre se considerou um jornalista, a partir da fundação do jornal Expresso e dava aulas regulares no Cenjor, a escola de jornalistas.

Trabalhei para ele em várias revistas da Controljornal e no jornal A Capital, que creio que não estava integrado no grupo.

Apesar das suas inúmeras responsabilidades aparecia esporadicamente nas redações e no almoço anual da empresa. Era muito simpático, sempre sorridente, e falava com os jornalistas como colega e não como patrão. Tive algumas conversas com ele e impressionava-me a sua disponibilidade para qualquer assunto. Tinha ideias interessantes mas ouvia-nos com toda a atenção – como um colega, precisamente. Na gestão do Miguel Ribeiro e Silva passei para a função de lançamento de novos títulos e nunca ganhei tanto dinheiro na vida!

Aliás, o jornalismo tem um aspeto peculiar, que é veicular as queixas de todos os sectores do país, mas ser o pior pagador de todos eles. Os jornalistas ganham pouco, a recibos verdes e amiúde recebem com pequenos, médios e grandes atrasos. Posso dar o meu exemplo: em cinquenta anos de profissão só trabalhei com contrato durante cinco anos, fosse diretor ou apenas repórter. E três desses anos foi com a Abril/Controljornal.

Pinto Balsemão teve uma atividade política intensa, que começou na chamada “ala progressista” da Assembleia Nacional salazarista (de onde se despediu, juntamente com Sá Carneiro), foi um dos fundadores do PSD/PPD e chegou a Primeiro Ministro entre 1981 e 1983.

Não posso deixar de insistir na sua simpatia; lembro-me de estar a falar com ele sem acreditar como a conversa parecia entre colegas próximos.

Os serviços que prestou à democracia, tanto como jornalista como político, não têm par, e merece certamente todas as honras que Portugal lhe possa prestar e a sensação de perda de quem o conheceu.

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