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O herpes-zóster é causado pelo vírus varicela-zóster, que permanece latente no sistema nervoso após a varicela na infância e pode reativar-se anos depois, provocando inflamação e dor intensa. A inflamação crónica no sistema nervoso é considerada um fator relevante no desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, incluindo a demência.
Os investigadores, liderados por Pascal Geldsetzer da Universidade de Stanford, analisaram registos de saúde de mais de 282.500 adultos no País de Gales e compararam os resultados com dados semelhantes na Austrália. Nos adultos sem qualquer histórico de défice cognitivo, aqueles que receberam a vacina contra o herpes-zóster apresentaram uma redução de 3,1 a 3,5 pontos percentuais no risco de serem diagnosticados com défice cognitivo ligeiro ou demência ao longo de sete a nove anos. Entre os adultos que já viviam com demência, a vacinação esteve associada a uma queda de 29,5 pontos percentuais no risco de morte relacionada com a doença durante o mesmo período. Os efeitos foram ligeiramente mais evidentes em mulheres do que em homens, partilha a CNN.
Os investigadores sugerem dois mecanismos principais para estes efeitos: primeiro, a vacinação pode reduzir a reativação do vírus latente, diminuindo a inflamação no sistema nervoso, um fator importante na progressão da demência; segundo, a vacina pode proporcionar um reforço global ao sistema imunitário, tornando o organismo mais capaz de combater outras infeções que podem acelerar o declínio cognitivo. Estudos anteriores têm mostrado uma ligação entre várias infeções e maior risco de demência, pelo que fortalecer a imunidade geral pode ter efeitos protetores.
Apesar destes resultados promissores, trata-se de investigação observacional, pelo que não se pode afirmar com certeza que a vacinação cause diretamente a redução do risco de demência ou da mortalidade associada. Além disso, os efeitos observados podem não ser iguais para as vacinas mais recentes contra o herpes-zóster. Para esclarecer definitivamente esta relação, os investigadores planeiam realizar ensaios clínicos.
Especialistas em saúde cerebral, como a professora Angelina Sutin, salientam ao meio americano que hábitos saudáveis continuam a ser essenciais para manter a cognição, incluindo exercício físico regular, interação social e atividades que proporcionem sentido e propósito. A vacinação contra o herpes-zóster pode ser considerada uma medida adicional para proteger a saúde cerebral, mas não deve ser vista como uma solução isolada para prevenir ou tratar a demência.
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