Acompanhe toda a atualidade informativa em 24noticias.sapo.pt

O continente europeu enfrentou duas vagas de calor intensas: a primeira entre 17 e 22 de junho, e a segunda de 30 de junho a 2 de julho, atingindo particularmente a Áustria, França, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, Suíça e Reino Unido. Em várias destas regiões, as temperaturas ultrapassaram os 40 °C, com picos superiores a 46 °C em Portugal e Espanha. No dia 30 de junho, a temperatura média diária na Europa Ocidental chegou aos 24,9 °C — um novo recorde para o mês — e voltou a repetir-se no dia 1 de julho, dados compilados pela SIC Notícias.

Este cenário extremo foi provocado por sistemas de alta pressão persistente, conhecidos como “cúpulas de calor”, que aprisionam o ar quente junto à superfície, agravando o calor, a secura e a poluição atmosférica por ozono. A combinação destes fatores aumentou consideravelmente o risco de incêndios florestais, em especial nas regiões mediterrânicas.

No total, junho de 2025 registou uma temperatura média de 20,49 °C na Europa Ocidental, o que representa 2,81 °C acima da média de 1991-2020, superando em 0,06°C o anterior recorde de 2003. No conjunto da Europa, a temperatura média terrestre foi de 18,46 °C — o quinto valor mais elevado desde que há registos.

Calor extremo também nos oceanos

As temperaturas anómalas não se limitaram à atmosfera. O Mar Mediterrâneo registou também a sua temperatura mais elevada de sempre num mês de junho: 27 °C, com uma anomalia de +3,7 °C. Esta onda de calor marinha no Mediterrâneo Ocidental teve impactos profundos na biodiversidade e nos ecossistemas, com riscos de migração forçada de espécies, mortalidade em massa e desequilíbrios nos ciclos de nutrientes.

A nível global, junho de 2025 foi o terceiro mais quente da história, com uma temperatura média do ar à superfície de 16,46 °C — 0,47 °C acima da média de 1991-2020. Ficou apenas 0,20 °C abaixo do recorde absoluto, estabelecido em junho de 2024.

O mês registou também uma anomalia de +1,30 °C em relação à era pré-industrial (1850–1900). Foi apenas o terceiro mês nos últimos dois anos a manter-se abaixo do limiar de 1,5 °C — um limite crucial estipulado pelo Acordo de Paris para evitar impactos climáticos catastróficos. No entanto, o período de 12 meses entre julho de 2024 e junho de 2025 foi o mais quente de sempre, com uma média global 1,55 °C acima dos níveis pré-industriais.

A sua newsletter de sempre, agora ainda mais útil

Com o lançamento da nova marca de informação 24notícias, estamos a mudar a plataforma de newsletters, aproveitando para reforçar a informação que os leitores mais valorizam: a que lhes é útil, ajuda a tomar decisões e a entender o mundo.

Assine a nova newsletter do 24notícias aqui

Um planeta em desequilíbrio: impactos do aquecimento acima dos 1,5 °C

As consequências de um aquecimento global superior a 1,5 °C são já visíveis em quase todos os cantos do planeta. Dos incêndios devastadores na Califórnia e na Austrália, ao degelo acelerado no Ártico e na Antártica, passando pelas inundações recorde na Europa, na China ou no Paquistão, os fenómenos extremos tornam-se mais frequentes e intensos.

Segundo uma análise publicada pelo Instituto Mercator para a Investigação do Clima e das Alterações Globais, baseada em cerca de 100 mil estudos científicos entre 1951 e 2018, 85% da população mundial já sente os efeitos diretos das alterações climáticas. O estudo conclui que cerca de 80% do território terrestre — onde vive a grande maioria da humanidade — já é afetado por alterações nos padrões de temperatura e precipitação.

Mesmo que o aquecimento global seja contido nos 1,5 °C, o nível do mar continuará a subir durante séculos, colocando em risco centenas de milhões de pessoas que vivem em zonas costeiras.

Um estudo publicado na revista Environmental Research Letters indica que, com um aumento de apenas 1,5 °C, cerca de 500 milhões de pessoas em cidades costeiras ficarão expostas a inundações frequentes e mais vulneráveis a tempestades extremas. Se o aquecimento atingir os 2 °C, esse número poderá subir para 700 milhões, com a Ásia a ser particularmente afetada — abrigando 9 das 10 megalópoles mais vulneráveis.