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Para pressionar o Estado português a intervir na disputa, mais de mil pessoas subscreveram uma carta aberta que será entregue ao presidente da República e ao Governo. A família de Ana alerta para o facto de a “situação continua muito grave” e que ainda não há garantias de que as crianças estão totalmente seguras.
O caso começou quando o ex-marido levou as crianças de Madrid para Lima em julho do ano passado. Ana denunciou um “sequestro internacional” e lutou judicialmente durante mais de um ano pela guarda das crianças.
A Justiça peruana recusou as alegações do pai sobre a mãe sofrer de depressão profunda e bipolaridade, e em junho deste ano decidiu entregar as crianças à mãe.
Depois de várias sessões na Corte Superior de Justiça de Lima, as crianças já estão com a mãe, mas “estão impedidas de sair do Peru, com riscos reais de poder ocorrer novo sequestro ou outras formas de violência”, revela João Cordovil, pai de Ana, citado pelo Correio da Manhã.
Na carta publicada online, a família das vítimas mostra-se principalmente preocupada com a segurança de Ana e dos filhos, depois de terem sido publicados vários comentários de ódio nas redes sociais, ameaçando Ana e a família. A carta denuncia também tentativas de agressão e humilhação durante os poucos encontros do casal.
Como se decide quem fica com os filhos e porque recorrem à Justiça?
Este episódio ilustra uma questão central em disputas de parentalidade, que muitas vezes acabam como o caso da família Cordovil.
As disputas de custódia normalmente seguem um processo judicial quando os pais não conseguem chegar a um acordo por via informal ou com mediação, sendo preferível sempre um acordo fora do tribunal. As decisões judiciais consideram o bem-estar das crianças, avaliando fatores como segurança, estabilidade emocional, capacidade de cuidado e vínculo afetivo com cada progenitor.
No caso de Ana, a intervenção judicial peruana baseou-se em perícias psicológicas e legais que determinaram que os filhos estariam mais seguros com a mãe, em regime de guarda exclusiva. O tribunal definiu, também como devem ser feitas as visitas, decisão que o pai inicialmente não cumpriu.
Ana, entretanto, tem o emprego suspenso e continua a pagar pensão de alimentos, refletindo outro desafio comum em processos de partilha de parentalidade: equilibrar responsabilidades financeiras com a proteção dos filhos.
O caso português guarda semelhanças com outros episódios internacionais, como o de Tom Phillips, na Nova Zelândia, contado pelo The Guardian.
Phillips manteve os três filhos escondidos durante quase quatro anos após uma disputa de custódia, até ser morto pela polícia durante uma operação. A mãe das crianças disse estar aliviada por o pesadelo ter acabado, mas “triste com a forma como os eventos se desenrolaram”, destacando como os conflitos parentais podem escalar de maneira extrema quando não há mecanismos eficazes de resolução e cooperação.
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