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Num discurso perante um auditório praticamente vazio, Lavrov manteve a retórica habitual de Moscovo, e acusou o Ocidente de duplos critérios e ao reiterar a narrativa russa sobre o conflito na Ucrânia. “As ameaças do uso da força contra a Rússia estão a tornar-se cada vez mais habituais. Acusa-se a Rússia de planear um ataque contra a NATO e os países da UE, mas o presidente Putin desmontou repetidamente essas falsas provocações. A Rússia nunca teve e não tem essas intenções, mas qualquer agressão contra o meu país receberá resposta decisiva, que não deixe dúvidas entre os membros da NATO e da UE, que apenas dizem aos seus eleitores que a guerra com a Rússia é inevitável e falam de preparativos para atacar Kaliningrado e outros territórios russos”, afirmou.

Lavrov defendeu ainda que a expansão da NATO até às fronteiras russas viola promessas feitas aos líderes soviéticos no passado. “Estamos dispostos a negociar garantias de segurança para a Ucrânia, mas nem Kiev, nem os seus aliados europeus parecem compreender a gravidade da situação. Também não querem negociar com sinceridade. A Aliança do Atlântico Norte continua a expandir-se até às nossas fronteiras, contrariamente às garantias dadas em 2008 e em dezembro de 2021, que foram desconsideradas e continuam a sê-lo até hoje”, disse.

O ministro russo acusou o Ocidente de aplicar critérios duplos em conflitos internacionais: “Há violações graves do princípio da igualdade soberana dos Estados, e isso mina a fé na própria justiça, e gera crises e conflitos. A raiz do problema está nas tentativas de dividir o mundo entre democracia e autoritarismo, entre os que estão à mesa e os que fazem parte do menu, os eleitos que podem fazer o que quiserem e os restantes”.

Lavrov recordou intervenções militares passadas da NATO e de outros países, e afirmou: “O bombardeamento da Líbia pela NATO, a força ilegal de Israel contra os palestinos e ações agressivas contra o Irão, o Catar, o Líbano, a Síria ou o Iraque poderiam gerar algo horível no Médio Oriente”.

Na conferência de imprensa após o discurso, citada pelo jornal El Mundo, o ministro falou sobre as recentes violações do espaço aéreo de países da UE e da NATO: “Não temos nada a ocultar. Nunca atacamos civis nem infraestruturas. Os incidentes acontecem, mas nunca realizámos fogo seletivo contra eles, nunca atacámos com os nossos veículos aéreos não tripulados nem com mísseis países europeus, sejam da UE ou da NATO”.

Lavrov criticou também a posição dos Estados Unidos, que considera ambígua. “Esperávamos um diálogo russo-americano após a cimeira do Alasca, com a nova Administração dos EUA a aproximar-se de uma forma que contribua para uma solução realista da crise ucraniana. Também procurávamos uma cooperação pragmática, sem uma postura ideológica. Os Estados Unidos têm uma responsabilidade especial na situação mundial para evitar uma guerra que afetaria toda a humanidade. Manter a estabilidade estratégica é o objetivo da nova iniciativa da Rússia”, afirmou.

O ministro concluiu: “A situação de segurança internacional atual está a deteriorar-se. Já mencionei as razões, e repito que a principal é o desejo do Ocidente de manter a sua hegemonia através da força militar. Cada vez mais países e regiões envolvem-se em esquemas de confrontação”.

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