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O avanço de uma flotilha de 47 embarcações com cerca de 500 ativistas a bordo, que se dirige para a Faixa de Gaza com o objetivo de romper o bloqueio imposto ao território palestiniano, já obrigou o governo israelita a acionar um plano de segurança de grande escala, mobilizando forças de elite navais, centenas de polícias e estruturas hospitalares na região.

A televisão pública de Israel, Kann, revelou que a unidade especial da Marinha, conhecida como Shayetet 13, está pronta para assumir o controlo dos barcos caso estes avancem para dentro da zona de exclusão marítima, estabelecida a 150 milhas náuticas (278 quilómetros) de Gaza.

A operação prevê o encaminhamento dos ativistas para o porto de Ashdod, a cerca de 30 quilómetros da Faixa, onde aguardam 600 agentes da polícia e oito ambulâncias. Em paralelo, sete hospitais da região foram colocados em prontidão, num dispositivo que coincide com o início de Yom Kipur, a celebração religiosa mais solene do judaísmo, altura em que o país praticamente paralisa e encerra inclusive o espaço aéreo.

Enquanto a flotilha não chega, os olhos estão postos no percurso até Gaza, que pode ser acompanhado aqui através de um mapa ou de imagens em direto disponibilizadas pelo jornal espanhol El País.

De recordar que, a bordo, estão três ativistas nacionais: Mariana Mortágua, Sofia Aparício e Miguel Duarte.

Prisões e deportações

O plano militar contempla a transferência dos ativistas para Israel e a sua posterior detenção na prisão de Ketziot, situada no deserto do Neguev. Posteriormente, prevê-se a deportação para os respetivos países de origem. Quem recusar a expulsão — medida que acarreta também a proibição de entrada futura em território israelita — ficará sob custódia do Ministério do Interior, atualmente liderado por Itamar Ben Gvir. Segundo a televisão nacional, poderá ser criado um tribunal especial dentro do próprio centro prisional para lidar com os casos.

A Marinha israelita considera ainda a hipótese de rebocar algumas das embarcações até à costa israelita, enquanto outras poderão ser deliberadamente afundadas no Mediterrâneo, como forma de evitar a sua reutilização em futuras iniciativas semelhantes.

Pressão diplomática e acusações

Apesar dos preparativos militares, decorrem desde há dias esforços diplomáticos discretos para evitar uma escalada. Israel voltou a propor aos organizadores que descarreguem a ajuda humanitária num porto do Mediterrâneo à sua escolha, prometendo que os bens seriam entregues na Faixa de Gaza.

O Estado hebraico, no entanto, mantém fortes restrições à entrada de alimentos e medicamentos no território, medidas que a ONU já classificou como fator determinante para a declaração de fome em Gaza no passado mês de agosto.As autoridades israelitas têm também tentado associar a iniciativa a uma manobra do movimento islamita Hamas, embora as alegadas provas apresentadas não tenham convencido a comunidade internacional.

Reações internacionais

A dimensão inédita da flotilha e o risco de confrontos diretos despertaram reações no exterior. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, apelou publicamente ao cancelamento da missão, alertando que uma eventual colisão com a Marinha israelita poderia comprometer as negociações de paz em curso. A dirigente italiana fez referência ao plano de 20 pontos apresentados recentemente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ainda sem resposta oficial por parte do Hamas.

O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, reforçou esse apelo, citando a posição de Meloni e acrescentando que a flotilha representava “uma provocação” que só contribuiria para prolongar o conflito. Saar defendeu que toda a ajuda fosse canalizada de forma pacífica através de portos alternativos, como Chipre ou Ashkelon, em Israel.

Itália e Espanha, embora críticos do bloqueio, enviaram navios militares apenas para prestar assistência a possíveis feridos, mantendo-se fora da zona de exclusão decretada por Israel. O Vaticano também subscreveu o apelo a uma solução pacífica, numa tentativa de evitar um novo episódio de violência no Mediterrâneo oriental.

Expectativa crescente

A chegada iminente da flotilha coloca Israel perante uma situação delicada, marcada pelo dilema entre a preservação do bloqueio a Gaza e o impacto internacional de uma eventual interceção violenta.

Desta vez, a escala da operação humanitária e a visibilidade internacional elevam ainda mais os riscos. Entre pressões diplomáticas e preparativos militares, o desfecho permanece incerto — mas é claro que cada quilómetro que aproxima a flotilha da costa de Gaza intensifica a tensão na região.

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