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De acordo com o que disse o antigo cirurgião-geral dos EUA, Vivek Murthy, à CNN Internacional, a solidão tem um impacto na mortalidade comparável ao de fumar 15 cigarros por dia, sendo mesmo mais prejudicial do que a obesidade ou a inatividade física. A falta de laços sociais consistentes está ligada a um risco maior de stress, tensão arterial elevada, morte prematura e dificuldades em lidar com os desafios do dia a dia.
Fazer amigos na idade adulta, no entanto, não é tarefa fácil. Obstáculos como o medo da rejeição, ansiedade social ou falta de locais acessíveis para conhecer pessoas são comuns. Ainda assim, os especialistas defendem que vale a pena o esforço. A autora e especialista em relações sociais, Danielle Bayard Jackson, sugere no mesmo artigo começar por identificar comportamentos que estão a bloquear novas ligações, como o receio de se expor. Praticar pequenos gestos sociais, como conversar com um empregado ou usar a caixa com atendimento num supermercado, para ajudar a treinar a confiança e reduzir a sensibilidade à rejeição.
Mudar a forma como nos relacionamos com o tempo também pode fazer a diferença. Cancelar compromissos não essenciais para dar prioridade à vida social ou redefinir o que significa “tempo de qualidade” pode facilitar os encontros. Em vez de grandes planos pouco frequentes, apostar em interações mais simples e regulares, como fazer recados com amigos ou partilhar uma ida ao ginásio, pode ser mais eficaz. O importante é estar presente, mesmo que o encontro seja breve.
Outro desafio atual é o que muitos chamam de “colapso dos terceiros espaços” — locais como cafés, bibliotecas ou clubes onde as pessoas se reuniam naturalmente. A cultura da conveniência, com entregas, serviços digitais e isolamento por ecrãs, reduziu essas oportunidades de encontro espontâneo. Mas, como alerta Jackson, esses espaços estão a desaparecer também porque deixaram de ser usados. Recuperá-los pode ser um passo importante para voltar a criar ligações reais.
Para quem procura novas amizades, os especialistas recomendam começar por alinhar os interesses e os valores pessoais: quem gosta de ler pode procurar clubes de leitura ou livrarias; quem valoriza a solidariedade pode juntar-se a atividades de voluntariado. Outra sugestão é retomar o contacto com velhos amigos, e reforçam que muitas vezes, subestimamos o quanto os outros gostariam de voltar a ouvir falar de nós.
Manter amizades exige dedicação. Ao contrário do que acontece nas relações amorosas, onde se reconhece que é preciso esforço constante, muitos ainda acreditam que as amizades devem ser naturais e espontâneas. No entanto, a vida adulta exige intencionalidade, escuta ativa e pequenos gestos regulares — como enviar uma mensagem, lembrar datas importantes ou propor um programa simples. Cultivar estas relações não só melhora o bem-estar emocional, como pode prolongar a vida.
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