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As melhores séries e filmes do momento costumam ser um “hot topic” em diferentes fóruns online, jantares de amigos e até conversas de corredor nas empresas. Contudo, nos últimos dias, os conteúdos ficaram em segundo plano e foi a vez de as empresas que os fazem estarem nas bocas do mundo.
Tudo porque existe uma guerra em Hollywood sobre quem será o próximo dono da Warner Bros, o popular estúdio que desde a sua fundação em 1923, se tornou uma referência no cinema e, mais tarde, na televisão e no gaming.
Porque é que a Warner Bros. está à venda?
Nas últimas décadas, o estúdio já teve vários donos, mas a operação mais recente aconteceu em 2022, quando se fundiu com o grupo Discovery, criando a Warner Bros. Discovery. Nesta altura, no seguimento da pandemia, a guerra pela predominância no streaming estava mais acesa do que nunca e esta decisão foi vista como uma forma de criar um player no mundo do entretenimento que estivesse mais preparado para rivalizar com a Netflix, a Disney e a Amazon.
Mas isso acabou por não acontecer. Apesar do legado dos estúdios da Warner Bros. e da boa reputação de plataformas como a HBO e a CNN (todas neste grupo, sim), a empresa nunca conseguiu estar em bons lençóis.
- Falta de estratégia no streaming: Só nos últimos três anos, a HBO Max já teve mais rebrandings do que aqueles de que nos conseguimos lembrar e foi sempre inconsistente entre o que devia ficar nos canais por cabo e que o ia para a plataforma. Atualmente, conta com 128 milhões de subscritores no mundo inteiro.
- As janelas de exibição no cinema: Aqui a confusão manteve-se, nomeadamente no tempo que os filmes da Warner Bros. deviam ficar em sala antes de ir para o streaming. Entre sucessos e flops, ainda não há uma visão clara sobre o que funciona para a empresa.
- O último trimestre: a estagnação nas receitas do streaming, os prejuízos de 150 milhões de dólares e a perda considerável do seu valor de mercado levaram a que o CEO David Zaslav começasse a explorar as suas opções.
Entram em cena a Paramount e a Netflix
Como qualquer bom thriller, a chegada de ambas as empresas a esta fase tem uma boa dose de jogos de bastidores. Em 2025, David Ellison, filho do bilionário Larry Ellison (fundador da Oracle) e CEO do estúdio Skydance, comprou a Paramount por 8 mil milhões de dólares, com o selo de aprovação de Donald Trump (este detalhe é importante).
- Também em dificuldades: O estúdio, fundado em 1912, também dono de canais como a CBS e de plataformas como a Paramount+, estava a passar dificuldades e num processo de venda prolongado. O objetivo de Ellison passa por transformar novamente a Paramount num dos líderes de Hollywood e juntar duas marcas lendárias da indústria era um passo nesse caminho.
A Netflix, por sua vez, é das empresas em melhor saúde de Hollywood. Conta com mais de 300 milhões de subscritores, 430 mil milhões de dólares em valor de mercado e uma nova temporada de Stranger Things a bater vários recordes. E nunca fez uma grande aquisição nos seus quase 30 anos de existência.
- Porquê agora? Em primeiro lugar, para expandir o catálogo e franchises da sua plataforma (Harry Potter e o universo da DC, por exemplo) e justificar ainda mais o preço da sua subscrição. Em segundo, para retirar a sua maior rival nas séries, a HBO, da equação e atrair de forma mais fácil os maiores talentos da indústria. Por último, para ser dona de um estúdio que possa melhorar a sua reputação e presença no mundo dos filmes.
Duas propostas, dois caminhos
Durante muito tempo, até pela proximidade a Trump, a Paramount parecia a mais próxima de comprar a Warner Bros., tendo inclusive já visto duas propostas recusadas durante o mês de outubro. Mas a meio de novembro, depois de ter sido noticiado um jantar entre Ted Sarandos, Co-CEO da Netflix, e o presidente dos EUA, a gigante do streaming tornou-se num candidato mais sério.
Os últimos dias viram as duas empresas entrarem oficialmente numa batalha pela melhor proposta.
- 5 de dezembro: A Netflix e a Warner Bros. Discovery anunciaram que tinham chegado a um acordo de 82,7 mil milhões de dólares, com a aquisição “apenas” dos estúdios da Warner, da HBO e da HBO Max. O negócio teria ainda de ser aprovado pela Administração Trump.
- 8 de dezembro: A Paramount fez uma “proposta hostil” aos acionistas da Warner Bros. Discovery de 108,4 mil milhões de dólares por todos os ativos da empresa, incluindo os canais Discovery e a CNN.
Quem tem maior probabilidade de vencer?
A resposta está a meses de distância, mas vai definir o futuro de Hollywood.
A proposta da Netflix poderá criar uma plataforma com mais escolha para cada um de nós, mas apresenta o risco de criar um monopólio com um poder muito grande no preço, nos criativos e no que vai parar às salas de cinema. A proposta da Paramount procura revitalizar a identidade de duas marcas clássicas, contudo lança algumas dúvidas sobre potenciais despedimentos, sobre o domínio em áreas como a informação, com a possibilidade de ser dona em simultâneo da CBS e da CNN e ainda do envolvimento da Arábia Saudita e de Jared Kushner, cunhado de Donald Trump, no investimento.
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