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Quando Ahmed Samsam regressou a Copenhaga em dezembro de 2020, após cumprir parte da sua pena em Espanha, foi recebido por dois agentes do Serviço de Inteligência da Defesa dinamarquês (FE), com quem tinha colaborado como informante.
“Perdoa-nos, nós não podíamos fazer nada”, recorda ouvir Ahmed Samsam, referindo-se à sua condenação.
O Supremo Tribunal da Dinamarca determinou recentemente que os serviços de inteligência — FE e PET — reconheçam que Ahmed Samsam colaborou com a inteligência dinamarquesa durante viagens à Síria em 2013 e 2014, recebendo honorários e outros pagamentos por informações que ajudavam a evitar atentados ao país, avança o El País.
O homem de 35 anos, natural de Holbaek, cresceu na Dinamarca com pais refugiados da ditadura de Hafez al-Assad e teve uma juventude marcada por conflitos de gangues e pequenos delitos.
Em 2012 viajou para a Síria com a intenção de combater o regime de Assad, mas regressou três vezes como informante. Segundo a sentença, recusou infiltrar-se no Estado Islâmico em 2015 por não concordar com a causa.
Apesar de nunca ter combatido pelo ISIS, imagens antigas e conversas foram usadas como prova de ligação ao grupo terrorista durante o julgamento em Espanha, que terminou com uma pena de oito anos. Ahmed Samsam descreve os anos na prisão como um “horror psicológico”, mas ressalva que aprendeu espanhol nesse período.
A decisão do Tribunal Supremo dinamarquês não só confirmou o seu trabalho para os serviços de inteligência, como também revelou o envolvimento humano por trás do caso — dois agentes da polícia dinamarquesa arriscaram as suas carreiras e liberdade para ajudar Ahmed Samsam a esclarecer a verdade. Um deles foi expulso e outro esteve 70 dias preso.
O reconhecimento oficial abre a porta para que Samsam solicite a revisão do seu processo em Espanha, uma vez que prova que não integrava o ISIS de forma voluntária, mas atuava sob a direção da Dinamarca.
Especialistas legais afirmam que a confirmação oficial é “motivo suficiente” para reabertura do caso, embora a decisão final dependa do tribunal espanhol.
Ahmed Samsam mantém esperança de que a justiça espanhola reconheça finalmente a sua inocência e que o seu trabalho como agente infiltrado seja devidamente valorizado.
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