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A ministra do Ambiente do Brasil, Marina Silva, destacou ao The Guardian, após a Cop30 que os esforços climáticos feitos até hoje têm sido insuficientes e que o tempo para agir está quase esgotado. Em entrevista, salientou que, embora os acordos internacionais, como o Acordo de Paris, tenham evitado parte do aquecimento global e salvado vidas, ainda não foi feito o suficiente para proteger o planeta.
A Cop30, realizada na Amazónia, revelou a urgência da crise climática, com a floresta a registar níveis de humidade inéditos nos últimos três anos e extensos incêndios. Marina Silva disse que a cimeira deveria mostrar a realidade do colapso climático em curso e iniciar respostas concretas.
No encerramento do Cop30, em Belém, Marina Silva recordou o sonho de avanços maiores desde a Cimeira da Terra no Rio de Janeiro em 1992, afirmando que, apesar das conquistas, a realidade mostra que se fez menos do que era necessário. A Amazónia tem registado secas extremas nos últimos três anos, com rios a secarem e a biodiversidade e comunidades tradicionais a serem afetadas. Durante o evento, Marina Silva procurou mostrar que o colapso climático na floresta já é uma realidade e que a cimeira deveria servir para denunciar e iniciar respostas concretas.
Um dos destaques da conferência foi a tentativa de estabelecer um plano de transição justa e planeada, afastando-se da dependência de combustíveis fósseis e do desmatamento, apoiada por mais de 80 países e promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e coordenada em grande parte por Marina. Silva. Apesar de ter sido cortada do documento final devido à oposição de países produtores de petróleo, a ideia será levada adiante pela presidência brasileira do Cop, que continuará a debater a redução da dependência de carvão, petróleo e gás. Marina Silva destacou que o simples facto de o tema ter sido colocado em debate já representa um avanço significativo após mais de 30 anos de esforços insuficientes.
Marina Silva criticou também o poder de interesses económicos extractivistas em atrasar ou reverter políticas climáticas. No Brasil, o Congresso, dominado pelo agronegócio, revogou vários vetos do presidente Lula a um projeto de lei que diluía as licenças ambientais, poucos dias após o Cop30. Para a ministra, é necessário repensar valores éticos e colocar a sobrevivência do planeta como prioridade, destacando que os investimentos em preservação ambiental continuam insignificantes comparados com os esforços económicos para salvar sistemas financeiros ou gastos militares.
Comparando a situação com os dinossauros, a ministra alertou: “Eles não sabiam que um grande meteorito se aproximava. Nós sabemos o que se aproxima, sabemos o que precisa de ser feito e temos os meios, mas não tomamos as medidas necessárias.”
O governo brasileiro continuará a avançar com debates sobre transição energética e combate ao desmatamento, participará na primeira conferência internacional sobre transição justa em Colômbia e pretende liderar pelo exemplo, mostrando que é possível reduzir o desmatamento enquanto a agricultura cresce. Marina conclui que, sem determinação e ação imediata, a humanidade está a caminhar para um cenário em que as condições de vida se degradam drasticamente.
Embora os acordos internacionais, como o Acordo de Paris, tenham ajudado a evitar um aumento de 4ºC nas temperaturas globais e tenham preservado vidas, ecossistemas e sistemas alimentares, ainda é necessário intensificar a ação climática de forma urgente, explicou Marina Silva.
Na entrevista destacou ainda que é possível conciliar preservação ambiental e crescimento económico: nos últimos três anos, o desmatamento na Amazónia caiu 50% enquanto o agronegócio cresceu 17%. Contudo, advertiu que, sem determinação e ação imediata, a humanidade caminha para um cenário em que as condições de vida se degradam drasticamente.
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