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O governo britânico tinha marcado para segunda-feira o arranque do novo esquema de deportações acordado entre Londres e Paris, mas, segundo o The Guardian, nenhum dos migrantes inicialmente destinados a regressar a França acabou por seguir viagem.
De acordo com as informações disponíveis, um pequeno grupo de pessoas que tinha atravessado o Canal da Mancha em embarcações precárias foi retirado de um voo da Air France que partiu de Heathrow com destino a Paris. A remoção deveu-se a uma impugnação legal apresentada à última hora, que impediu a concretização da medida. O voo seguiu normalmente, mas sem qualquer requerente de asilo a bordo.
As autoridades britânicas reservaram lugares em vários voos comerciais para esta semana, no âmbito do acordo estabelecido entre o primeiro-ministro Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron. Fontes governamentais indicaram que as primeiras deportações deverão acontecer ainda nos próximos dias, embora não exista confirmação oficial sobre datas ou números.
Na manhã de segunda-feira, Jacqui Smith, ministra da Competência e das Qualificações, recusou especificar quantas pessoas seriam efetivamente devolvidas a França esta semana. Do lado francês, a imprensa avançou que Paris só estará disponível para aceitar um número inicial muito reduzido de migrantes, funcionando esta fase como um projeto-piloto do mecanismo "um entra, um sai".
Este novo modelo de cooperação entre os dois países foi anunciado durante a visita de Estado de Emmanuel Macron ao Reino Unido, em julho. O acordo prevê que o Reino Unido possa devolver a França requerentes de asilo que atravessem o Canal clandestinamente, em troca da aceitação por Londres de pessoas que apresentem candidaturas formais e aprovadas para se instalarem em território britânico.
Na prática, trata-se de um sistema de “balanço”, em que cada migrante devolvido corresponderá a outro admitido através do processo oficial. A medida foi apresentada pelo governo britânico como uma forma de travar a travessia ilegal do Canal da Mancha e reduzir a pressão sobre o sistema de acolhimento de requerentes de asilo.
Contudo, as dificuldades práticas da sua aplicação ficaram evidentes logo no primeiro dia. As impugnações judiciais apresentadas em defesa dos requerentes de asilo impediram que os planos avançassem, e várias organizações não governamentais têm já alertado para possíveis ilegalidades no processo de deportação, além de criticarem o impacto humano da medida.
Entretanto, a pressão migratória sobre o Reino Unido continua a aumentar. Só em 2025, mais de 30 mil pessoas atravessaram o Canal da Mancha em pequenas embarcações — o número mais elevado registado até agora num ano civil e alcançado no momento mais precoce desde que as estatísticas começaram a ser recolhidas, em 2018.
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