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A Ford Transit, lançada a 9 de agosto de 1965, comemora 60 anos e, segundo a BBC, entrar numa das primeiras versões é “como entrar numa cápsula do tempo”. Conhecida como a carrinha comercial mais vendida do mundo, serviu de transporte a pequenas empresas, bandas de rock em ascensão e até assaltantes de bancos.

Esqueça tecnologia moderna: nada de GPS, ecrãs táteis ou sistemas multimédia. As primeiras Transit ofereciam apenas um volante, um velocímetro e um aquecedor robusto. Nem rádio havia. Para os padrões da época, era “espaçosa, potente e prática”, colocando rivais como a Morris J4 na sombra.

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Um ícone versátil

Fruto da colaboração entre engenheiros da Ford no Reino Unido e na Alemanha, a Transit foi inicialmente desenhada para os mercados britânico e europeu, com um objetivo claro: versatilidade. Rapidamente se tornou a escolha de carpinteiros, eletricistas e construtores, mas também conquistou públicos inesperados.

Nos anos 70, bandas como Black Sabbath e Led Zeppelin optaram pela Transit pelo espaço generoso e baixo custo de transporte, transformando-a num símbolo cultural tão associado ao rock como às estradas britânicas.

A carrinha "mais procurada" do Reino Unido 

A mesma robustez que atraía trabalhadores e músicos também seduziu criminosos. Em 1972, um agente da Polícia Metropolitana afirmou que as Transit estavam envolvidas em 95% dos assaltos a bancos. O espaço e a velocidade faziam dela o carro de fuga ideal.

Mais tarde, em 1997, o Sunday Times caricaturava o estereótipo dos “homens das carrinhas brancas”: tatuados, sempre com um cigarro na boca e, claro, ao volante de uma Transit.

Começaram no Reino Unido terminaram na Turquia

As primeiras unidades foram fabricadas em Langley e, depois, em Southampton. Porém, o encerramento da fábrica em 2013 levou a Ford a transferir a produção para a Turquia, onde os custos eram “significativamente mais baixos”. A decisão gerou polémica e foi considerada pelos sindicatos como uma “traição”, pelo impacto no emprego local.

Apesar disso, a herança britânica mantém-se viva na sede de Dunton, Essex, onde se desenvolve a próxima geração de Transit.

O futuro da Transit 

Para Seamus McDermott, diretor de desenvolvimento de carros comerciais da Ford, as necessidades básicas dos clientes não mudaram em 60 anos: “Continua a ser importante ter um carro fiável, versátil e barato de manter.” Mas a forma de atingir esse objetivo está em transformação.

Segundo o responsável, a revolução virá da propulsão elétrica e dos carros definidos por software, capazes de reduzir custos através da gestão remota de frotas. “Os elétricos são mais baratos de operar e de reparar”, acrescenta.

Ainda assim, Edmund King, presidente da AA (The Automobile Association) , sublinha que a lealdade à marca já não é o que era: “Nas décadas de 60, 70 e 80, se o pai tinha uma Transit, o filho também comprava uma Transit. Hoje a concorrência é maior e a fidelidade já não é tão forte.”