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Integrada na multinacional EssilorLuxottica, afirma-se hoje como um polo de inovação reconhecido internacionalmente, mantendo em Portugal um dos seus centros de produção mais importantes e apostando em tecnologia avançada, inteligência artificial e novos modelos de fabrico rápido.

Fundada em 2000 (com as primeiras lentes a saírem em 2001), a Shamir começou com cerca de 20 a 30 colaboradores e uma produção diária que oscilava entre 300 e 400 lentes. Luís Feijó, CEO da Shamir, recorda com humor esses primeiros tempos:

“Quando chegávamos às mil lentes fazíamos uma festa, hoje produzimos 11 mil por dia”

Da pequena fábrica ao negócio global

Quando Luís Feijó entrou para a empresa, em 2005, trouxe consigo a missão de expandir o negócio para outros mercados. O primeiro cliente internacional da Shamir foi precisamente o país vizinho: “O primeiro cliente da Shamir em Portugal, já no ano 2001, foi Espanha. É o cliente número um”, sublinha.

Desde então, o crescimento tem sido contínuo e sustentado. A empresa passou de pouco mais de um milhão de euros para 63 milhões de faturação. Hoje exporta para quase toda a Europa, Estados Unidos, Canadá, Singapura e Colômbia. Chegou a operar no Brasil, mas a complexidade regulatória e os custos alfandegários levaram a empresa a recuar.

Apesar da internacionalização, Portugal continua a ser uma peça estratégica. O laboratório de Vilar é um dos maiores produtores nacionais em número de peças. O segredo, afirma Luís Feijó, resume-se a uma combinação: tecnologia, inovação e visão estratégica.

As lentes progressivas e a ajuda da IA

Desde que a Shamir se integrou na EssilorLuxottica, a ligação ao centro de I&D em Israel intensificou-se, é um dos polos tecnológicos mais avançados do setor ótico. É daí que chegam muitos dos avanços que distinguem as lentes da marca.

Uma das áreas em destaque são as lentes progressivas, desenvolvidas com recurso a inteligência artificial.

“A última lente é uma lente que está permanentemente atualizada, porque o desenvolvimento foi feito com base em inteligência artificial, e à medida que vai recebendo mais dados, vai-se otimizando. Não é um machine learning, é um software learning, que é a nossa lente Autograph Intelligence”

A empresa também trabalha em algoritmos de machine learning aplicados à produção, nomeadamente, para ensinar máquinas a identificar defeitos cosméticos nas lentes, uma fase que ainda não está totalmente automatizada.

O laboratório que entrega óculos em três horas

Outra das inovações emblemáticas da Shamir é o modelo InoTime, uma espécie de “fábrica rápida” capaz de produzir lentes em três horas, sem filas de espera. A Shamir tem dois laboratórios InoTime fixos (Matosinhos e Lisboa) e um laboratório móvel instalado dentro de um camião, que percorre o país e até acompanha equipas internacionais.

O laboratório móvel já esteve nos Açores, em Paris e até na Fórmula 1, onde equipou a equipa da Alpine. Recordam uma experiência única: “Foi espetacular o resultado, o feedback que tivemos das pessoas que não sabiam que precisavam de óculos.”

O laboratório móvel serve para testar mercados, participar em eventos e demonstrar novas tecnologias como as lentes Drive e Intelligence, lançadas recentemente.

Vamos deixar de precisar de óculos?

A evolução tecnológica, as cirurgias a laser e o envelhecimento demográfico estão a transformar o mercado. Mesmo com o crescimento das cirurgias corretivas, o impacto no mercado das lentes é limitado, explica Luís Feijó: a graduação evolui ao longo da vida e as cirurgias têm limites físicos (por exemplo, a espessura da córnea). Além disso, a presbiopia (a perda de visão ao perto com a idade) continua a exigir correção progressiva.

A Shamir está também a apostar em nichos de mercado, como lentes específicas para condução noturna (respondendo ao problema da “miopia noturna”) ou lentes com proteção solar e cores que aumentam o contraste. Uma das grandes novidades para 2026 será precisamente a aposta nas cores:

“Vamos apostar nas cores das lentes. Usar a mesma cor, mas com contraste, vai ser a grande aposta no próximo ano”

Quando olha para o futuro, Luís Feijó admite que antecipar cinco anos já é pensar quase a longo prazo, tal é a velocidade da inovação. Mas vê continuidade no investimento e progressos graduais nas soluções de correção visual: melhores lentes, novas geometrias, mais personalização e novas alternativas para diferentes perfis de utilizadores.

A Shamir quer manter Portugal como um ponto estratégico de produção e desenvolvimento, reforçando o seu papel na rede global da EssilorLuxottica.

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