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O projeto nasceu do sonho de Ilda Patpro Krahô, realizadora, atriz e uma das fundadoras do coletivo Mentuwajê Guardiões da Cultura, que há mais de uma década promove oficinas de cinema entre os Krahô.
Nos últimos anos, Ilda Patpro assinou o argumento e participou como atriz no filme A Flor do Buriti, de Renée Nader Messora e João Salaviza, obra multipremiada em festivais internacionais. As viagens com o filme despertaram nela a vontade de trazer o cinema e o público para dentro da aldeia.
“Hoje temos televisão, telemóvel e internet nas aldeias. Mas as histórias que vemos ainda são as histórias do branco. Quando fui aos festivais, senti a alegria de ver as nossas imagens nas telas. O cinema é um lugar de encontro, onde há espaço para as nossas memórias e o nosso olhar. Quero que as crianças Krahô se lembrem dos mais velhos e possam imaginar o futuro a partir da aldeia”, afirmou Ilda Patpro Krahô, em comunicado enviado às redações.
O Cinema Comunitário Krahô foi construído de forma colaborativa, com a participação dos moradores da aldeia e de trabalhadores do município vizinho de Itacajá. O projeto contou ainda com as cineastas Renée Nader Messora, João Salaviza, Julia Alves e Ricardo Alves Jr., o arquiteto Thiago Benucci e Simone Giovine, que acompanhou o processo de construção.
O espaço foi concebido para redefinir o conceito de uma sala de cinema no contexto indígena. A arquitetura combina uma arquibancada escavada no solo com um amplo telhado de cobertura. As laterais abertas permitem ventilação natural, circulação livre e uma integração harmoniosa com a paisagem do Cerrado.
“O Cinema Comunitário Krahô é mais um instrumento de luta pela autodeterminação, pela preservação da memória coletiva e pela afirmação cultural do povo Krahô”, destacam os realizadores Renée Nader Messora e João Salaviza.
O cinema tem capacidade para cerca de 150 pessoas e está equipado com um projetor digital de alta definição. Os espectadores podem assistir aos filmes sentados em bancos corridos de madeira ou deitados em redes penduradas à volta da sala, de onde é possível ver, ao mesmo tempo, a tela, o pátio da aldeia e o céu estrelado do Cerrado.
A programação é organizada pela própria comunidade e inclui produções indígenas e obras brasileiras de diferentes géneros. Está também a ser criado um acervo audiovisual que reúne quase um século de registos sobre os Krahô e outros povos indígenas. Esse material fica disponível numa rede interna da aldeia, podendo ser exibido a qualquer momento.
A partir de 2026, a aldeia Koprer recebe encontros regulares de cinema, em parceria com festivais e instituições culturais de todo o Brasil.
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