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A investigação, divulgada esta segunda-feira, permitiu analisar quase um século de transformações costeiras, com recurso a uma metodologia inovadora que combina georreferenciação de imagens oblíquas com técnicas de correção geométrica e deteção automática da linha de costa. Ao utilizar fotografias históricas, incluindo postais, imagens pessoais e fotos recentes tiradas com telemóvel, os investigadores conseguiram preencher lacunas temporais anteriores à existência de registos aéreos ou satélite.
Entre as principais conclusões do estudo destaca-se uma alteração significativa da morfologia da praia a partir da construção da marina de Cascais, em 1998. A análise revelou uma rotação na linha de costa que excede a margem de erro, evidenciando o impacto de intervenções humanas no equilíbrio natural do litoral.
Segundo Fátima Valverde, investigadora da CIÊNCIAS ULisboa, esta abordagem “abre novas linhas na investigação e na gestão costeira”, permitindo alargar o horizonte temporal das análises costeiras através de património visual frequentemente subvalorizado. “Bibliotecas, museus ou coleções privadas podem conter informação vital sobre a história geográfica do nosso litoral”, sublinha.
O método mostra-se especialmente relevante num país como Portugal, onde vastos arquivos visuais permanecem por explorar, oferecendo um potencial inestimável para compreender a evolução das zonas costeiras.
Para além do seu valor científico, a técnica é acessível e replicável, podendo apoiar autarquias e entidades públicas na gestão da erosão, proteção costeira e ordenamento do território, desafios cada vez mais urgentes perante a pressão das alterações climáticas.
O estudo prevê agora ser expandido a outras zonas da costa portuguesa, com o objetivo de criar um registo mais abrangente e contínuo da transformação das praias nacionais e apoiar estratégias de adaptação mais eficazes para o futuro.
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